ANEC realiza a 43ª edição de jantar anual em São Paulo
O evento também contou com a apresentação da 20ª Previsão de Safra, pelo especialista André Pessôa, e palestra sobre o que esperar do comércio agrícola com a China, ministrada pela executiva Larissa Wachholz

Na última quinta-feira (27) aconteceu o 43º Jantar ANEC, tradicional evento realizado pela Associação Nacional dos Exportadores de Cereais (ANEC), que reuniu os principais representantes e lideranças do agronegócio brasileiro e empresas exportadoras em uma festa de confraternização com mais de mil pessoas, no Hotel Unique, em São Paulo (SP). Neste ano, o Jantar ANEC foi ainda mais especial, ao celebrar o aniversário de 60 anos da Associação, que conta com uma trajetória de conquistas de extrema relevância para a consolidação das commodities agrícolas brasileiras, como soja e milho, no mercado internacional.
Antes do início do jantar, Bartira Santa Catarina, gerente de comunicação e eventos da ANEC, agradeceu a presença dos participantes e deu início a tarde de palestras, com uma grade de temas estratégicos para o setor, como panorama completo das tendências de produção, mercado e sustentabilidade no agronegócio brasileiro e global.
A aguardada 20ª Previsão de Safra foi ministrada pelo presidente da Agroconsult, André Pessôa. O especialista detalhou as projeções para a produção e exportação de soja, milho e algodão, incluindo estimativas para o próximo ano. Apesar dos impactos recorrentes das mudanças climáticas, Pessôa destacou que a safra não será tão prejudicada como se imaginava, reforçando que os indicadores seguem positivos para o setor.
Para a soja, as exportações brasileiras devem alcançar 112 milhões de toneladas em 2026, alta de 2,7% sobre as 109,1 milhões de toneladas projetadas para este ano. A safra do grão deverá atingir 178,1 milhões de toneladas em 2025/26, um aumento de 3,5%, em relação aos 172,1 milhões de toneladas da colheita anterior. A área plantada no Brasil deverá chegar a 48,8 milhões de hectares, consolidando o país na liderança mundial da produção da oleaginosa. Segundo Pessôa, o ganho de produtividade está associado, principalmente, à recuperação da produção no Rio Grande do Sul, muito afetada por questões climáticas.
Sobre o milho, a projeção do consumo doméstico para 25/26 é de 67,9 milhões de toneladas, puxado principalmente pelo aumento da demanda das proteínas animais (+10%) e do etanol (+22,8%). As exportações devem chegar a 40 milhões de toneladas, levemente abaixo da safra anterior. No cenário global, o balanço entre produção e consumo permanece ajustado, com um déficit estimado de 5,2 milhões de toneladas.
Já para o algodão, a Agroconsult projeta para o Brasil um avanço contínuo da área plantada. Entre as safras 22/23 e 24/25, a área deve crescer de 1,69 milhão para 2,21 milhões de hectares, acompanhada de aumento na produção de pluma. Para 25/26, porém, estima-se uma leve retração de 2,6% na área e de 3,5% na produção, refletindo ajustes na decisão de plantio. Pessôa também apresentou um panorama do trade global de fibras, que mostra queda de cerca de 9 milhões de toneladas nos últimos 15 anos. Nesse cenário, o Brasil ampliou sua participação nas exportações de algodão de 4% (13/14) para 32% (24/25), enquanto os EUA reduziram sua fatia e a Austrália manteve estabilidade.
Brasil e China: aliança de sucesso
Larissa Wachholz, executiva de negócios e relações institucionais e sócia e diretora-executiva da Vallya Agro, apresentou o tema “Sustentabilidade e Climatologia”, destacando como as mudanças climáticas já afetam diretamente a rotina do campo. Larissa ressaltou as oportunidades estratégicas para o Brasil no mercado asiático — região cuja economia deve crescer 5,4% ao ano — impulsionando a demanda global por alimentos, energia e proteínas animais, fenômeno conhecido como “meatificação da Ásia”.
Ela enfatizou que temas como segurança alimentar e energética, bioenergia, agroindústria, combustíveis de baixo carbono, atração de investimentos, comércio, infraestrutura e tecnologias agrícolas (Agtechs) serão determinantes para fortalecer a cooperação Brasil–Ásia nos próximos anos. A especialista também apresentou caminhos para mitigação de riscos e aproveitamento das oportunidades emergentes, reforçando a importância do conhecimento local, da cooperação científica e da recuperação de áreas degradadas como pilares para um agronegócio mais resiliente.
Troféu ANEC
Marcos Amorim, presidente do Comitê de Contratos Externos da Associação, realizou a entrega do Troféu ANEC em homenagem ao subsecretário de Tecnologia da Informação do Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa), Camilo Mussi, reconhecido pelo trabalho de implantação do e-Phyto no Governo Federal.
A iniciativa marca um avanço histórico na digitalização de documentos fitossanitários e na comunicação internacional. Com o sistema, o Brasil passa a se conectar diretamente com outros países, sem depender de intermediários, fortalecendo a rastreabilidade, a agilidade logística e a segurança das exportações. O movimento também abre caminho para melhorias contínuas na infraestrutura digital do Ministério da Agricultura e na integração documental entre governos.
Durante a premiação, Mussi destacou a importância da colaboração com o setor privado e com a ANEC. “É uma satisfação enorme estar aqui. Para sentir a dor de vocês, no ano passado começamos a discutir o e-Phyto, e em Santos já há um projeto de controle digital da soja. No dia 16 de janeiro o sistema se torna obrigatório, e hoje já contamos com oito mil e-Phytos emitidos. O prêmio não é meu — é de toda a equipe do Ministério, que está trabalhando sem parar. É uma honra, e sem essa parceria com a ANEC isso não existiria”, afirmou.
60 anos da ANEC
Um dos principais pontos do evento foi o momento dedicado a uma homenagem especial aos 60 anos da ANEC. Um vídeo comemorativo reuniu depoimentos de ex-presidentes, conselheiros e do diretor-geral, Sérgio Mendes, destacando a trajetória, os avanços e a relevância histórica da Associação para o desenvolvimento do agronegócio brasileiro.
O 43º Jantar ANEC e a 20ª Previsão de Safra contaram com o patrocínio das empresas Denbra e MacQuarie, conta com o apoio de AgrInvest, Bequisa e Hedgepoint e com a participação das empresas Bayer, Nikkey e Rio Grande Fumigação.
Informações: Assessoria ANEC



