Alckmin destaca avanços ambientais do Brasil e pede ações concretas de todo os países

Evento preparatório para a Conferência sobre Mudança do Clima reúne, em Brasília, delegações de 67 países e 5 continentes

13/10/2025 às 17:27 atualizado por Redação - SBA
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O Presidente em exercício e ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC), Geraldo Alckmin reforçou a necessidade de a comunidade internacional agir com responsabilidade para a transição energética e ambiental, durante reunião ministerial preparatória para a COP30, nesta segunda-feira, 13 de outubro, em Brasília. Participaram do encontro 67 delegações dos cinco continentes.

“Convoco a todas e a todos a compartilharmos essa preocupação ambiental e esse amor ao próximo não apenas em nossos discursos, mas em ações concretas, em benefício de toda a comunidade internacional e como legado para as gerações futuras”, afirmou.

 - Leia o discurso na íntegra

Em sua fala, Alckmin destacou os três objetivos centrais propostos pela presidência brasileira da COP30: reforçar o multilateralismo e o regime de mudança do clima no âmbito da Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudança do Clima (UNFCCC); conectar o regime climático à vida real das pessoas; e acelerar a implementação do Acordo de Paris por meio de estímulo a ações e ajustes estruturais.

“Acredito que esse esforço coletivo de cooperação entre os povos deve ser canalizado aqui nas negociações da COP e concentrado nas contribuições nacionalmente determinadas dos países ao Acordo de Paris – as Contribuições Nacionalmente Determinadas (NDCs)”, ressaltou.

COMPROMISSO — O presidente em exercício relembrou o compromisso brasileiro, apresentado na COP29, em Baku, de reduzir as emissões líquidas de gases de efeito estufa no Brasil de 59% a 67% até 2035, em comparação aos níveis de 2005. “Trata-se de um plano ousado, mas realista, de corte de emissões, que prevê o crescimento econômico aliado à transição energética e à proteção das florestas, refletindo o compromisso com o desenvolvimento sustentável”, detalhou.

A matriz energética brasileira, com mais de 80% provinda de fontes renováveis, e a descarbonização resultante do combate ao desmatamento, que teve uma queda de 50% na Amazônia nos últimos dois anos e meio, também foram elencados por Alckmin como exemplos do comprometimento do Brasil com uma transição energética e ambiental mais justa e inclusiva.

“Queremos continuar liderando com o exemplo. Criamos o Programa Mover, Mobilidade Verde, estimulando as empresas para a inovação e a sustentabilidade”, afirmou Alckmin. “A Lei do Combustível do Futuro estabelece metas obrigatórias de descarbonização para a aviação, começando em 1% de uso de Combustível Sustentável de Aviação (SAF) a partir de 2027 e crescendo progressivamente até 10% em 2037”, complementou.

Alckmin concluiu apontando o quanto o país está preparado para a transição climática, apresentando resultados concretos, legislação moderna e governança integrada, ao mesmo tempo em que clamou para que os demais países ajam com responsabilidade.

“É com esse olhar que o Brasil chega à COP: como um país que acredita que ética, inovação e sustentabilidade não são caminhos paralelos, mas o mesmo caminho – o caminho da responsabilidade compartilhada pelo futuro comum da humanidade.

BALANÇO ÉTICO GLOBAL — Durante a abertura oficial da Pré-COP, a ministra do Meio Ambiente e Mudança do Clima, Marina Silva, explicou o Círculo do Balanço Ético Global (BEG), um dos quatro Círculos de mobilização da Presidência da COP30. O BEG, inspirado no Balanço Global do Acordo de Paris, nasceu da convicção de que a ética não pode ser vista como um recurso retórico no debate climático.

"A ética é, sobretudo, um de seus principais fundamentos. A ética é o que dá sentido à ação. É o que nos lembra que enfrentar a emergência climática é também enfrentar uma crise moral e civilizatória. O BEG propõe um espaço de escuta da sociedade global sobre a articulação entre decisões políticas e a urgência de implementá-las, sob uma perspectiva ética", argumentou.

De acordo com a ministra, o BEG amplia a agenda climática para incorporar dimensões culturais, raciais, intergeracionais e territoriais, reconhecendo que a transição necessária é tanto técnica quanto dos princípios e valores humanos. "As mensagens do Balanço Ético Global foram claras: fortalecer o multilateralismo e valorizar a diversidade não são meras escolhas — são um imperativo ético. O BEG é, acima de tudo, um convite à esperança. Ele nos lembra que a ação climática só será eficaz se também for ética. E que não haverá liderança global sem liderança moral".

Apesar de não integrar o calendário de eventos oficiais da UNFCCC, a reunião preparatória apresenta uma oportunidade estratégica para que os países alinhem posições políticas e técnicas sobre os principais desafios da agenda climática global, como transição energética, adaptação e preservação da biodiversidade, financiamento climático, entre outros.

CARTAS — As delegações foram recepcionadas no evento com mensagens de crianças e adolescentes brasileiros junto com uma carta do presidente da COP30, o embaixador André Corrêa do Lago. A iniciativa, realizada pelo Alana e pelo UNICEF em parceria com a Presidência da COP30, contemplou 1.300 mensagens, escritas e/ou desenhadas por crianças de 10 estados e do DF especialmente para o evento, nas quais compartilham suas relações com a natureza, contam como as mudanças climáticas afetam suas comunidades e fazem pedidos diretos aos líderes globais.
As mensagens foram reunidas com o apoio de organizações da sociedade civil, coletivos e escolas, simbolizando um mutirão das novas gerações por justiça climática e por um futuro mais justo, saudável e sustentável.

Entre os pedidos de crianças e adolescentes feitos nas cartas estão:

“Eu quero um futuro lindo, cheio de árvores onde as crianças possam brincar” — Eliza, 7 anos, Alagoas.

“O Brasil é um dos países mais vulneráveis frente às mudanças climáticas, a tendência é entrar em completo colapso. Amar é conservar” — Gustavo, 16 anos, Pará.

“Espero que vocês, líderes que vieram ao Brasil, escutem a voz de todos os adolescentes” — Cauã, 15 anos, Pará.

“Acredito que a COP30 pode mudar muitas coisas no mundo e no futuro da minha geração” — Geovana, 14 anos, Pará.
“Nesta COP30 espero que seja discutido sobre mudanças no comportamento das pessoas, sensibilização ao aquecimento global para gerar um mundo melhor” — Valentina, 14 anos, Pará.

“Os senhores têm que se unir para preservar a Amazônia” — Mariana, 12 anos, Minas Gerais.

“O racismo ambiental é uma barreira para a construção de um futuro climático mais justo e sustentável para todos” — Sara, 15 anos, Paraíba.

O embaixador André Corrêa do Lago tem feito chamados rumo à COP30 para enfrentar os desafios climáticos, destacando a necessidade de cooperação internacional para acelerar a implementação de soluções em uma nova década de ação conjunta em prol do planeta. Na carta entregue, ele trouxe uma nova motivação para se buscar esses caminhos: “As crianças e adolescentes, que viverão por mais tempo as consequências das decisões que tomarmos aqui e em Belém, são parte das respostas. Por isso, cabe a nós, líderes globais, honrarmos essa confiança e garantir a esperança climática para as próximas gerações”.

Fonte: Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços