CNA defende trabalho sanitário nacional diante da rejeição da carne brasileira por pecuaristas dos EUA
Pedido da associação dos pecuaristas do país norte-americano foi encaminhado ao Departamento de Agricultura dos Estados Unidos
Pecuária
A Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) emitiu uma nota nesta sexta-feira (19), em que repudia o pedido da Associação de Produtores de Carne dos Estados Unidos (National Cattlemen's Beef Association – NCBA, em inglês) para suspender a importação de carne bovina brasileiro pelos Estados Unidos.
O pedido da associação dos pecuaristas do país norte-americano foi encaminhado ao Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (United States Department of Agriculture – USDA).
O texto da NCBA cita preocupação em relação a garantia da qualidade e sanidade da carne bovina exportada pelo Brasil, após registros de dois casos atípicos de vaca louca em setembro deste ano. Também é pontuada a demora do Brasil em relatar os casos à Organização Mundial de Saúde Animal (OIE).
"É hora de manter a carne fresca brasileira fora deste país até que o USDA possa confirmar que o Brasil atende aos mesmos padrões de consumo e segurança alimentar que aplicamos a todos os nossos parceiros comerciais", disse o vice-presidente de Assuntos Governamentais da NCBA, Ethan Lane.
A CNA afirma que a intenção de restringir a exportação de carne bovina brasileira aos EUA é uma medida arbitrária e contraria pilares de comércio internacional.
Na nota divulgada pela CNA foram elencados os motivos que garantem a inocuidade da carne bovina brasileira, como o Brasil nunca ter registrado a forma clássica da vaca louca, diferente dos EUA que teve três casos nos anos 2003, 2005 e 2012.
“A legislação brasileira proíbe o uso de qualquer proteína animal para alimentação bovina, única causa de contaminação da doença pelos animais”, afirma a nota.
Sobre o registro dos dois casos atípicos da vaca louca, a CNA relembra que o Brasil cumpriu todos os trâmites exigidos pela OIE e não foi notificado sobre qualquer irregularidade.
O trabalho do sistema de defesa sanitária brasileiro tem reconhecimento do órgão de saúde internacional, que nos últimos anos concedeu ao Brasil o status de zona livre de doenças como a febre aftosa e de risco insignificante para a vaca louca.
O Brasil exporta carne bovina para mais de 100 países e lidera os embarques mundiais da proteína. Para a CNA, o desempenho brasileiro demonstra o compromisso com a qualidade da proteína exportada.
“Diante deste contexto, entendemos que, ou a NCBA está desinformada ou adota a postura protecionista com viés econômico e sem nenhum caráter sanitário”, afirmou em nota a CNA.
De acordo com dados de outubro da Associação Brasileira de Frigoríficos (Abrafrigos), os Estados Unidos foram o segundo maior importador da carne bovina brasileira, atrás apenas da China. O país norte-americano ampliou em 96,3% as compras da proteína do Brasil, saindo de 48.7 mil toneladas entre janeiro e outubro do ano passado para 95.7 mil toneladas no mesmo período de 2021.
Foto de capa: Cleber Davidson