Chuvas do início de novembro provocam adaptações na agricultura paranaense, aponta Deral
Os temporais dos últimos dias afetaram significativamente algumas lavouras no Estado
Com um início do mês marcado por chuvas, granizo e ventos fortes em várias regiões do Paraná, principalmente no Centro-Oeste e Norte do Estado, a agricultura paranaense segue empenhada em superar os desafios e conseguir bons resultados na safra. Segundo o Boletim Conjuntural do Departamento de Economia Rural (Deral) da Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Estado do Paraná (Seab) já há números disponíveis sobre os problemas enfrentados em lavouras de soja, milho e feijão, enquanto dados sobre outras culturas estão sendo analisados. Além disso, o Boletim mostra uma radiografia da fruticultura do Paraná em 2024, a constância do setor pecuário em termos de preços recebidos pelos produtores e o bom desempenho nas exportações de erva-mate.
SOJA, MILHO E FEIJÃO - Os temporais dos últimos dias afetaram significativamente algumas lavouras no Estado. Tendo em vista que as condições consideradas médias haviam aumentado de 3% para 6%, o clima adverso fez com que surgisse 1% de lavouras de soja em condições ruins, o que significa 31 mil hectares prejudicados. Mas o levantamento do Deral mostra que 93% das áreas de plantio de soja ainda estão em boas condições, o que representa 4,3 milhões de hectares.
Nas áreas mais afetadas, o produtor precisará refazer a estratégia, seja acionando o seguro ou realizando o replantio. Neste último caso, um atraso no planejamento será inevitável, gerando a necessidade de ajustar a segunda safra e, possivelmente, optar por outra cultura.
Para o feijão, que tem a produção concentrada no Sul do Estado, onde houve menos impacto das tempestades, 77% das lavouras estão em boas condições. O plantio já atingiu 91% da área prevista de 104 mil hectares. O excesso de umidade e baixa luminosidade registradas em outubro, aliadas ao fato de o feijão ter o ciclo mais curto, com menos tempo para se recuperar de problemas climáticos, deve apresentar alguma limitação em sua produtividade. Com algumas lavouras chegando à maturidade, o Deral estima que as colheitas de feijão comecem ainda neste mês e devam se estender até fevereiro de 2026, considerando-se que algumas áreas ainda não foram semeadas.
O plantio de milho primeira safra apresenta evolução estável, com 99% da área já semeada, ultrapassando o desempenho dos 98% do mesmo período no ano passado.
Segundo o Deral, essas três culturas – soja, milho e feijão – ainda estão dentro do período ideal para a semeadura, permitindo o replantio, o que deve possibilitar a recuperação de parte das áreas afetadas.
BOVINOS - O Deral tem observado ao longo dos anos que, após o ciclo de abate, o custo de reposição vem subindo na média Brasil. Segundo o Cepea – Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada, de São Paulo, a relação de troca entre a arroba de boi gordo por bezerro aumentou 41% em comparação ao mesmo mês do ano passado. Isso significa que, em algumas praças, o produtor precisa vender quase 10 arrobas para adquirir um bezerro, chegando a atingir 13,6 arrobas, em outras. Com a proximidade das festas de final de ano, é provável que os preços encerrem 2025 em patamares elevados para o preço da arroba de boi.
No atacado paranaense, as médias de outubro para o dianteiro e traseiro fecharam com pouca variação. Enquanto o dianteiro ficou 0,47% mais barato, o traseiro subiu 0,86%. No varejo, os principais cortes caíram de preço, com destaque para a carne moída que ficou quase 10% mais barata em comparação à média de setembro. Nos últimos 12 meses, porém, todos os cortes ficaram mais caros, variando entre 10% (coxão mole) e 21% (patinho sem osso).
SUÍNOS - Na suinocultura, os preços de varejo permanecem estáveis e em nível alto, após a forte valorização vista em 2024. A média de R$ 22,36/kg no acumulado do ano representa um aumento de 27,5% em relação a 2024, refletindo um setor fortalecido e com boa aceitação no mercado interno e externo.
Entre os cortes pesquisados pelo Deral, a paleta com osso apresentou a maior variação média de preço, passando de R$ 14,16/kg nos primeiros dez meses de 2024, para R$ 18,20/kg em 2025, ou seja, um aumento de 28,5%. Já o lombo sem osso registrou aumento médio de 27,5% e o pernil com osso teve variação de 25,2%.
Impulsionada pela demanda em função das festividades de final de ano, o Deral prevê uma elevação nos preços de varejo da carne suína, embora mais tímida do que a observada no ano anterior.
ERVA-MATE - A erva-mate é um dos destaques do agro paranaense. Em 2024, as exportações do produto cresceram 50%, número significativamente superior à média nacional, somando 5,2 mil toneladas enviadas ao exterior. O Paraná se mantém como o segundo maior exportador do país, atrás apenas do Rio Grande do Sul, com destaque para os mercados do Uruguai, Argentina e Alemanha.
Esse desempenho reforça a competitividade da cadeia produtiva e o potencial de expansão do mate paranaense no mercado internacional.
FRUTICULTURA - A fruticultura continua a se consolidar como uma atividade diversificada e rentável, presente em praticamente todo o Paraná: dos 399 municípios paranaenses, 392 têm cultivos comerciais, de acordo com o Deral.
Municípios como Paranavaí, Carlópolis, Alto Paraná, Guaratuba e Cerro Azul lideram a produção, com destaque para a laranja, o morango, a uva, a goiaba e a banana. Juntos, esses polos somam 15,7 mil hectares plantados, com uma colheita de 500,3 mil toneladas de frutas e Valor Bruto de Produção (VBP) de R$ 1 bilhão.
Mesmo diante das adversidades climáticas de novembro, o Boletim do Deral confirma que o agro paranaense segue resiliente e diversificado.
Fonte: Paraná Governo do Estado



