Federarroz faz balanço de 2025 e projeta cenário desafiador mas otimista para 2026

Após um 2025 marcado por instabilidade, arrozeiros apostam em menor estoque e ações governamentais para reequilibrar o mercado no próximo ciclo

18/12/2025 às 14:15 atualizado por Redação - SBA
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O presidente da Federação das Associações de Arrozeiros do Rio Grande do Sul (Federarroz), Denis Nunes, apresentou um balanço do desempenho do setor orizícola em 2025 e as expectativas para o próximo ciclo produtivo. O dirigente destacou que o ano foi marcado por forte pressão sobre os preços, dificuldades de acesso ao crédito e intervenções governamentais consideradas fundamentais para evitar um colapso mais profundo no mercado. 

Segundo Nunes, o ano começou com o saco de arroz sendo negociado a cerca de R$100,00 nas principais praças gaúchas. No entanto, à medida que a colheita avançou, o valor recuou para patamares próximos ao preço mínimo, e abaixo disso no segundo semestre. “O mercado foi pressionado pela boa colheita em todo o Mercosul e pela entrada da Índia nas exportações, o que derrubou os preços internacionais e afetou também os Estados Unidos. Essa cadeia acabou repercutindo aqui”, explica. 

Diante da tendência de queda, a Federarroz buscou alternativas junto ao governo federal. Em junho, a entidade articulou a liberação de recursos para contratos de opção, cerca de R$300 milhões, segundo Nunes, que permitiram a contratação de aproximadamente 110 mil toneladas. Contudo, o alívio foi parcial. “Em julho, com as mudanças no Plano Safra, bancos passaram a restringir o crédito, os juros permaneceram altos e muitos produtores enfrentaram dificuldade para financiar o ciclo seguinte”, recorda. 

Outro fator de alerta é a redução da área plantada. Levantamento apresentado pelo Instituto Rio Grandense do Arroz (Irga) na Expointer indicou inicialmente 920 mil hectares na safra 2025/26, cerca de 5,7% a menos do que na temporada anterior. Porém, com o plantio ainda incompleto até agora, Nunes estima que a queda pode se aproximar de 10%, levando a área para aproximadamente 880 mil hectares. A menor disponibilidade de crédito e a redução na fertilização  também devem impactar a produtividade. 

Apesar das adversidades, a Federarroz celebrou avanços importantes no segundo semestre. “Em outubro, foi obtida a antecipação de mais R$ 300 milhões previstos para 2026, destinados pela Conab a aquisições e subvenções através de PEP/Pepro ainda neste ano voltadas a estimular o escoamento e melhorar a competitividade das exportações”, projeta. 

Outra conquista destacada pelo presidente da Federarroz foi a aprovação, na Assembleia Legislativa, da mudança no estatuto do Irga, permitindo o uso de recursos provenientes da CDO, contribuição de R$0,89 por saco vendido para subvenções a comercialização e auxílio a regiões necessitadas. Mesmo com preços deprimidos, Nunes afirma que o Brasil tem se mostrado altamente competitivo no mercado externo devido à qualidade do produto. “E isso deve resultar em um dos maiores volumes de exportação da história. Com a expectativa de liberação dos prêmios de escoamento, acreditamos que poderá acelerar ainda mais os embarques, reduzindo os estoques para a colheita de 2026, ponto este fundamental para reequilibrar o mercado”, pondera. 

Para Nunes, o próximo ano tende a ser novamente desafiador, mas com oportunidades. “Mesmo com redução de área e produtividade, teremos uma safra difícil. Mas, se conseguirmos entrar em 2026 com estoques menores e com os mecanismos de apoio funcionando, podemos ter um cenário um pouco mais favorável”, destaca.

Informações: Assessoria AgroEffective

Foto: Paulo Rossi/Divulgação