Incêndios em canaviais reduzem produtividade
Uso de queimadas em canaviais resulta em prejuízos, alerta Secretaria de Agricultura de São Paulo
Agricultura
Um levantamento realizado pelo Programa Cana IAC, da Secretaria de Agricultura e Abastecimento de São Paulo, mostra que os incêndios reduzem o potencial de produtividade dos canaviais devido a perda de população de colmos da cana no ciclo seguinte, ou seja, no corte posterior.
O fogo em canaviais literalmente queima os recursos investidos pelo canavicultor.
De acordo com a Secretaria, essa informação reflete-se no campo, visto que cerca de 99,8% da cana-de-açúcar cultivada no estado foi colhida na safra 2020/21 sem uso da queimada.
“Depois de 30 anos caminhando sobre a cana crua, não restam dúvidas: o fogo é um desastre econômico para o produtor”, sentencia o líder do Programa Cana IAC e diretor-geral do Instituto, Marcos Guimarães de Andrade Landell.
Este ano foi atípico para o setor sucroenergético. Em São Paulo, 3% das áreas de cana foram atingidas por incêndios, segundo a União da Indústria de Cana-de-açúcar (UNICA). “São 150 mil hectares de cana, que trazem muito prejuízo, principalmente para próxima safra, esse fato traz preocupação”, diz Antonio de Padua Rodrigues, diretor técnico da UNICA. O clima muito seco favorece os incêndios.
“O fogo causa falha no canavial e nessas falhas vai nascer mato, exigindo ações de manejo para eliminá-lo; isso tudo reflete em menor produtividade e menor longevidade do canavial, com consequente maior necessidade de replantio”, explica Landell.
De acordo com o pesquisador, significativa parte das operações realizadas após a colheita e os produtos aplicados são perdidos quando ocorre incêndio, o que leva a perde de recursos pelo agricultor.
Além desses prejuízos, a qualidade da matéria-prima é impactada após o incêndio porque o fogo provoca a entrada de microrganismos na planta, levando ao apodrecimento do material e tornando a matéria-prima ruim para a indústria. “O impacto depende inclusive da variedade que foi atingida pelo incêndio. A urgência de se colher a cana vítima de fogo é para evitar esses prejuízos”, afirma o cientista.
Landell explica que se o incêndio ocorrer em uma região mais fria, os danos são menores. Em região mais quente, a ação dos microrganismos é acelerada, prejudicando mais a qualidade da matéria-prima.
Informações por Secretaria de Agricultura de SP