MT Clima e Mercado encerra quarta temporada após percorrer mais de 8 mil quilômetros no estado
A série teve como objetivo registrar as condições climáticas, os impactos na safra 2025/26 e as percepções dos produtores rurais em diferentes regiões
A série Mato Grosso Clima e Mercado encerra, nesta quarta-feira (17.12), o 13º episódio e a quarta temporada nas cidades de Querência, Água Boa e Nova Xavantina, após percorrer os 32 núcleos da Associação dos Produtores de Soja e Milho de Mato Grosso (Aprosoja MT) e mais de 8.800 quilômetros pelo estado. A série teve como objetivo registrar as condições climáticas, os impactos na safra 2025/26 e as percepções dos produtores rurais sobre o mercado agrícola em diferentes regiões produtoras.
Em Querência, o produtor rural e delegado coordenador do município, Anderson Frizzo, explicou que, assim como em grande parte do estado, a região enfrentou atrasos no início do plantio, períodos de veranicos e necessidade de replantio.
“Como em toda região do Mato Grosso, tivemos um grande atraso no início do nosso plantio. A maioria dos produtores começaram a plantar dia 15 de outubro, mas logo em seguida a soja ficou quase 15 dias sem chuva, ocasionando em algumas áreas o replantio. As chuvas normalizaram agora na primeira quinzena de dezembro. Nesse período nós tivemos mais chuva acumulada do que nos últimos dois meses. Toda essa quantidade de água faltou para nós estabelecermos a cultura”, explicou Anderson.
Durante o bate-papo, o vice-presidente Leste da Aprosoja MT, Lauri Pedro Jantsch, destacou que, além dos impactos climáticos, os produtores da região enfrentam preocupação com o aumento da pressão de pragas e com o atraso na janela da segunda safra.
“Há preocupação também com as pragas, como a mosca-branca. O atraso que nós vamos ter na janela de milho também vai ser muito grande. Vamos ter muito milho fora de janela, então com certeza a gente vai ter uma grande redução na quantidade de milho safrinha na produção aqui da região”, salientou Lauri.
Para Anderson Frizzo, a pressão de pragas, janela apertada para o milho e limitações estruturais eleva os custos de produção e amplia os riscos ao produtor rural. “O maior prejuízo hoje é o atraso no plantio da safra do milho. Poderíamos ter uma área maior, dentro de uma janela boa se não tivéssemos atraso. Outra coisa que preocupa muito é a incidência de pragas e doenças que podem encarecer o manejo. O produtor já anda enforcado com custos altíssimos, então a gente tem que entrar com mais manejo em cima dessas áreas para conseguir colher uma produção boa no final. E, futuramente, a preocupação será o excesso de chuvas na hora da colheita, pois a nossa região é precária em armazenagem. Nós não conseguimos importar toda a estrutura e todo o aparato de soja que nós levamos do campo aos armazéns. Podemos ter filas, demora no recebimento e risco de se perder soja na lavoura”, pontuou Anderson.
O delegado do núcleo de Água Boa, Altair Kolln, explicou que a região do Vale do Araguaia tradicionalmente inicia o plantio em outubro, devido às características climáticas da região, mas que neste ano o cenário foi atípico. “Naturalmente, na região do Vale do Araguaia, a gente começa a plantar na primeira quinzena de outubro. Início de outubro, maior parte dos anos. Porém, neste ano, desde o princípio já foi diferente”, esclareceu.
O produtor rural Valmor Bissolotti relatou que iniciou o plantio dentro do período habitual, mas precisou realizar replantio em parte da área devido à estiagem prolongada. “Aqui na minha área dia 20 de outubro eu comecei a plantar, pois já tinha uma umidade boa no solo, só que depois de eu plantar, aí veio 17 dias de sol. Aí nasceu um pouco, mas logo morreu e ficou uma lavoura bem rala. Nós decidimos destruí-la e fazer um novo plantio em cerca de 90 hectares. Para um produtor pequeno isso é bem difícil”, disse Valmor.
Segundo Valmor, o replantio compromete diretamente a janela da segunda safra e a cobertura do solo. “Em relação à safrinha, eu tinha pensado em fazer gergelim, mas estou com essa dificuldade do solo estar muito descoberto sem palhada. Estou pensando em mudar, talvez plantar um sorgo ou jogar um capim para fazer a braquiária e fazer uma cobertura. No meu caso aqui, se eu não plantar essas três safas de gergelim, eu era um agricultor que já não estava mais na atividade. Porque o gergelim me deixou uma rentabilidade boa no final, mas eu estou sentindo que o meu solo, minhas áreas, estão se degradando demais por falta de cobertura”, afirmou.
A série passou por Nova Xavantina, onde o delegado coordenador do município, Bruno Tolotti, também relatou a necessidade de replantio em sua propriedade. “Aqui na região os agricultores começaram o plantio no meio do mês de outubro. Mas, logo após as chuvas ficaram muito escassas e irregulares. E por conta dessa falta de chuva, houve muito atraso no plantio nas áreas, ocasionou muito replantio de áreas que já tinham sido replantadas anteriormente. A situação em dezembro voltou a melhorar e a gente espera que esse cenário continue favorável, pois ainda tem muitos agricultores que estão finalizando o plantio das suas áreas no final de dezembro”, assegurou.
Segundo o produtor, o atraso no plantio terá reflexos diretos sobre a segunda safra na região do Araguaia. “A gente entende que devido a esse atraso no plantio, há um impacto direto na segunda safra nossa na região. Nós já temos uma escassez maior de chuva e isso prejudica muito os agricultores na região. Essa falta de chuva sobra pouco tempo para fazer uma cultura do gergelim ou do milho safrinha para quem planta”, frisou.
Ao final, a série Mato Grosso Clima e Mercado conclui sua quarta temporada trazendo um panorama da safra 2025/26, reunindo informações e percepções regionais e desafios enfrentados pelos produtores rurais. Os relatos coletados contribuem para orientar o produtor na tomada de decisão e fortalecer o debate sobre clima, mercado, logística e sustentabilidade no agronegócio mato-grossense.
Fonte: Aprosoja MT



