Moagens em queda e ajustes de posição reforçam cautela no mercado de cacau, avalia Hedgepoint

Parte das oscilações mais recentes refletem a divulgação dos dados de moagem referentes ao terceiro trimestre de 2025, principal indicador de desempenho da demanda global

29/10/2025 às 14:23 atualizado por Redação - SBA
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Os preços do cacau apresentaram mudanças nos últimos dias. O primeiro contrato encerrou a semana de 24 de outubro cotado a 6.319 USD/t em Nova York e 4.518 GBP/t em Londres, acumulando ganhos semanais de 7,19% e 10,03%, respectivamente. O movimento contrasta com o das semanas anteriores, quando as cotações haviam recuado.

Parte das oscilações mais recentes refletem a divulgação dos dados de moagem referentes ao terceiro trimestre de 2025, principal indicador de desempenho da demanda global. A Cocoa Association of Asia (CAA) e a European Cocoa Association (ECA) reportaram retração na atividade no período em questão. No caso da CAA, a queda foi de 17,08%, influenciada, sobretudo, pela redução significativa observada na Malásia, onde o volume processado ficou 35,1% abaixo do registrado no mesmo trimestre de 2024. Ainda assim, resultados positivos em países como Indonésia e Singapura ajudaram a suavizar a retração regional.

 

“Na Europa, a queda do volume processado foi um pouco menor do que o mercado esperava, hipótese que já havíamos considerado. O déficit das importações totais líquidas de cacau no acumulado de janeiro a setembro, em relação ao mesmo período do ano anterior, vem diminuindo gradualmente, passando de mais de 10% em alguns momentos para cerca de 3,99% atualmente, o que indica uma leve recuperação da atividade ao longo do ano”, diz Carolina França, analista de inteligência de mercado da Hedgepoint Global Markets.

 

 

 

“Apesar dos resultados mistos, o impacto dos preços elevados sobre o consumo segue evidente. Apesar das correções para baixo nos preços, algumas delas ocorreram de forma mais intensa posteriormente e não foram suficientes para aliviar os custos durante o trimestre, mantendo a pressão sobre as margens do setor. Assim, os resultados ainda refletem um cenário de preços historicamente altos e margens pressionadas na indústria”, afirma.

Após a divulgação dos números, que reforçaram as expectativas de superávit para o ciclo atual, o mercado encerrou a semana de 17 de outubro a 5.895 USD/tem Nova York e 4.106 GBP/t em Londres. As cotações seguiram pressionadas na zona sobrevendida, aumentando a probabilidade de movimentos técnicos de correção.

Nesse contexto, de acordo dados analisados pela Hedgepoint Global Markets, a semana encerrada em 24 de outubro, apresentou um comportamento diferente. As cotações voltaram a subir nos dois mercados, em movimento técnico sustentado pela redução nas entregas de cacau da Costa do Marfim e discussões sobre a previsão de entrada em vigor da Regulamentação Antidesmatamento da União Europeia (EUDR).

Segundo o recente relatório Cocoa Barometer, cerca de 40% dos grãos de cacau da Costa do Marfim foram rastreáveis na última temporada. “O dado reforça a atenção do mercado europeu, que depende de forma significativa das origens africanas para abastecimento. Com isso, cresce a expectativa por eventuais ajustes nas exigências da EUDR e por maior clareza sobre seus efeitos nas cadeias globais de comércio”, explica.

Na sexta-feira (24/10), o movimento de alta perdeu força, e as cotações recuaram levemente nos dois mercados. De acordo com os dados mais recentes da ICE Futures Europe, os especuladores ampliaram suas posições líquidas vendidas em 2.552 lotes até 21 de outubro, totalizando 15.609 lotes. O aumento das posições curtas reforça o sentimento mais cauteloso e viés mais baixista dos fundos em relação ao mercado londrino. Em Nova York, os dados seguem indisponíveis devido à paralisação temporária do governo norte americano.

“O mercado permanece atento à divulgação dos resultados financeiros das principais processadoras e fabricantes de chocolate nas próximas semanas. Esses balanços deverão contribuir para definir o tom do mercado no curto prazo e tendem a manter a volatilidade elevada, enquanto os fundamentos seguem ajustando-se no início da nova safra 2025/26”, diz.

 

Informações: Assessoria Hedgepoint