Preço do leite em outubro e pago em novembro registra queda de 11 centavos por litro

Vale destacar que preços do leite no campo são influenciados pelos mercados de spot e derivados

01/12/2020 às 11:30 atualizado por Douglas Ferreira - SBA
Siga-nos no Google News

O preço do leite no campo registrou retração em novembro, desta forma, interrompe o movimento de alta que vinha sendo verificado desde junho. Segundo o levantamento do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea), da Esalq/USP, a “Média Brasil” líquida do leite captado em outubro e recebido por produtores em novembro aponta queda para R$ 2,0434/litro, baixa de 5,3% (ou de 11 centavos/litro) em comparação ao mês anterior.

Vale destacar que os preços do leite no campo são influenciados pelos mercados de spot e derivados, com atraso de um mês nesse repasse de tendência. Assim, o preço do leite captado em outubro que é pago em novembro é influenciado pelo desempenho dos mercados de derivados e spot de outubro.

Em virtude da sazonalidade da produção, é esperado que, a partir de outubro, ocorra a desvalorização do leite no campo, uma vez que as chuvas da primavera e do verão elevam a disponibilidade de pastagem.

Entretanto, em 2020, a retomada da produção não tem ocorrido de forma intensa, já que as condições climáticas foram menos favoráveis. Além disso, a alta dos custos de produção prejudica a atividade.

Na primeira e segunda quinzenas de outubro, foi registrado maior oferta de leite spot, produto negociado entre indústrias, em Minas Gerais, de modo que a média mensal caiu 16,8% frente à de setembro de 2020, indo para R$ 2,23/litro.

Desta forma, de acordo com agentes consultados pelo Cepea, a redução das cotações no campo esteve mais relacionada à pressão dos canais de distribuição sobre as negociações de lácteos com as indústrias em outubro. Isso porque o consumo esteve enfraquecido naquele mês, em função dos altos patamares de preços atingidos pelos derivados em meses anteriores.

Em outubro houve a diminuição dos preços médios de derivados importantes para a formação do preço ao produtor, como leite longa vida (UHT), muçarela e leite em pó.

É importanta ressaltar que, mesmo com estoques enxutos de lácteos, a valorização intensa de vários gêneros alimentícios nos últimos meses têm pesado sobre a decisão de consumo do brasileiro, o que também resulta em maior competição entre redes varejistas para atrair clientes com preços baixos.

Perspectivas

A grande dificuldade para o setor neste final de ano está em equilibrar a demanda, sensível aos altos patamares de preços dos lácteos, com a oferta que deve seguir restrita, já que a ocorrência de La Niña deve impactar negativamente a atividade leiteira nos próximos meses.

As expressivas elevações dos custos de produção, atreladas, sobretudo, à valorização dos grãos, impossibilitam investimentos na atividade, além de já comprometerem as margens dos produtores, uma vez que ocorrem em um momento muito sensível de redução da receita.

Outro fato é a valorização da arroba ao longo deste ano, que acaba estimulando o abate de fêmeas. Assim, a produção de leite pode não se recuperar no verão, como em outros anos, o que pode frear o movimento de queda no campo.

 

Com informações Cepea