Prevenção à doença de greening em pauta na reunião da Câmara Setorial da Citricultura do RS
Encontro ocorreu de forma híbrida
Representantes da Câmara Setorial da Citricultura da Secretaria da Agricultura, Pecuária, Produção Sustentável e Irrigação (Seapi) reuniram-se de forma híbrida nesta terça-feira (23/9) para debater, entre outros assuntos, a prevenção à doença HLB/Greening, considerada a mais grave a atacar as plantas cítricas em nível mundial. O coordenador da Câmara e chefe da Divisão Agropecuária do Departamento de Governança dos Sistemas Produtivos da Seapi, Paulo Lipp, conduziu os trabalhos.
A chefe da Divisão de Defesa Sanitária Vegetal do Departamento de Defesa Vegetal (DDV) da Seapi, Deise Riffel, falou sobre o Plano Nacional de Prevenção e Controle do Huanglongbing (PNCHLB), instituído pela Portaria SDA/MAPA nº 1.326, de 2025, para combater o greening dos citros. Ela deu enfoque às implicações para o Rio Grande do Sul.
Deise explicou que o Plano visa ao fortalecimento do sistema de produção agrícola de plantas hospedeiras. “Ele indica que deve haver medidas de prevenção e controle de HLB em todos os imóveis públicos ou privados que possuam plantas hospedeiras, para fins comerciais ou não, situados em zona rural ou urbana”.
Conforme ela, o Rio Grande do Sul possui a classificação fitossanitária de Sem Ocorrência de HLB. “E para mantermos esse status é preciso algumas providências, como realização de levantamento fitossanitário, cadastro atualizado de propriedades produtoras de hospedeiros, monitoramento do inseto-vetor Diaphorina citri, entre outras”.
Deise contou que, para isso, surgiu a necessidade de criar um plano de ação “Então, a Seapi instituiu o Grupo de Estudos Técnicos de Citricultura (Getac), através da Portaria 206/2025, que deve contemplar aspectos como monitoramento do inseto-vetor Diaphorina citri, vigilância fitossanitária anual, controle do trânsito do material de propagação, entre outros”.
Por sua vez, o gerente técnico estadual da Emater/RS-Ascar, Luis Bohn, abordou as ações realizadas ao longo de 2025 a respeito da cadeia produtiva do citros. “Há uma grande demanda hoje nas nossas unidades operativas municipais e algumas regiões em destaque, buscando muita informação a respeito da cadeia”, destacou. “Essa tendência se apresenta até pela quantidade de eventos que foram realizados, desde pequenos até grandes eventos, ao ponto de nós termos dia de campo, por exemplo, na Serra Gaúcha, com mais de 500 participantes”, ressaltou.
Segundo Bohn, isso significa que vários agricultores de diferentes regiões estão atentos à implantação, ampliação e ao aprimoramento da cadeia produtiva do citros. “Além disso, a gente teve também eventos de capacitação para agricultores, onde técnicos e pesquisadores abordaram o grande desafio do setor, que é lidar com o greening”, alertou. “A doença está desafiando o Brasil inteiro e nós devemos estar preparados para isso”, afirmou.
Conforme Bohn, a Emater está divulgando um material técnico, elaborado junto com a Seapi, em todas as suas linhas de frente, além de fazer assessoramento às prefeituras. “Estamos conversando com os prefeitos, secretários e conselhos municipais de agricultura sobre o quão importante é a tomada de políticas públicas a respeito da prevenção do greening, da adoção de atitudes em relação ao Programa Estadual de Citricultura”.
Comercialização dos cítricos
Outro assunto debatido durante o encontro foi a situação da comercialização dos cítricos, especialmente da laranja para suco. Segundo o presidente da Cooperativa de Comercialização da Agricultura Familiar de Economia Solidária (Cecafes), de Erechim, e representante da Unicafes/RS, Roberto Balen, as indústrias estão com movimentação de compra bem menor do que no ano passado e muitos citricultores estão apreensivos quanto à entrega da safra e aos preços praticados.
O representante da empresa Aripe Citrus Agroindustrial(Citroworks), de Montenegro, Aliston Kussler, informou sobre a turbulência que atingiu o setor industrial no ano passado. “Em 2024, o preço do suco de laranja, que é uma commodity, atingiu um recorde de preços no mundo inteiro, dobrando de valor. E este ano, ele sofreu uma queda brusca”, comentou.
De acordo com Kussler, essa volatilidade e as oscilações nos preços causaram um colapso mercadológico para as indústrias que são dependentes do mercado internacional. “Além disso, as tarifas impostas pelos Estados Unidos atingiram os subprodutos do suco de laranja como os óleos essenciais e outros”, pontuou.
Encaminhamentos
O diretor-geral adjunto da Secretaria de Desenvolvimento Rural, Henrique Leites, informou que a SDR, apesar de não ter recurso orçamentário previsto para essa questão do suco de laranja, faria um estudo em relação às compras institucionais.
Também foi solicitado que a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) faça uma reavaliação dos custos de produção e atualize o preço mínimo da laranja para o Rio Grande do Sul, o que daria possibilidade para os citricultores terem acesso à política de garantia de preços mínimos do Governo Federal.
Fonte: Secretaria da Agricultura, Pecuária, Produção Sustentável e Irrigação



