Produtores do Rio Grande do Sul enfrentam crise financeira e falta de crédito à beira da nova safra
A menos de um mês do fim do vazio sanitário da soja, agricultores lamentam perdas e lutam por recursos
Com o fim do vazio sanitário da soja se aproximando, marcado para o dia 30 de setembro, a situação dos produtores do Rio Grande do Sul é crítica. Embora um mês possa parecer tempo suficiente para iniciar uma nova safra, as condições atuais, incluindo a falta de acesso a crédito e a necessidade urgente de recursos para insumos, complicam ainda mais o cenário. A safra de milho de verão, igualmente importante, também gera incertezas para os agricultores.
De acordo com a Farsul (Federação de Agricultura do Rio Grande do Sul), as perdas financeiras na agricultura do estado superam R$ 4,1 bilhões, com os grãos mais cultivados, como arroz, milho, soja e trigo, acumulando perdas de mais de R$ 3,9 bilhões e mais de 3,5 milhões de toneladas em volume. As perdas reais podem ser ainda mais significativas e a recuperação financeira pode levar décadas.
Em São Sepé, região central do estado, a produtora Grazi Camargo revela que os preparativos para o plantio de soja ainda não começaram. “Normalmente, já teríamos iniciado o planejamento e a compra dos insumos em agosto, mas este ano, devido à falta de chuvas e o desastre climático de abril, estamos sem recursos e sem solução”, afirma. A principal preocupação é a quitação de dívidas acumuladas, o que está impossibilitando a preparação para a próxima safra.
A esperança estava em uma linha de crédito especial solicitada pelo SOS Agro RS, que visa um financiamento com juros baixos e condições favoráveis para todos os produtores afetados. No entanto, a Medida Provisória anunciada pelo Governo Federal em 31 de julho não atendeu às expectativas e manteve a indefinição. “Sem a ajuda necessária, não haverá safra 24/25”, alerta Camargo.
Desafios na aquisição de insumos
Celso Sossmeier, presidente do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Cruz Alta, compartilha que, após três anos de estiagem, muitos produtores tiveram que usar suas reservas para saldar dívidas, esgotando suas reservas financeiras e enfrentando dificuldades de crédito. “Muitos agricultores não conseguiram comprar insumos ou tiveram que comprá-los a preços mais altos no início do ano. A situação está crítica”, diz Sossmeier.
A Cotrijal, uma das principais cooperativas agrícolas da região, confirma que a comercialização e a compra de insumos estão atrasadas devido à crise financeira dos produtores. “Oferecemos condições especiais para aquisição de insumos, mas muitos ainda aguardam uma solução para suas dívidas”, relata Nei César Manica, presidente da cooperativa. Ele acrescenta que a Cotrijal está trabalhando com o Governo Federal e outras instituições para encontrar uma solução rápida que permita aos produtores voltar a adquirir insumos e se prepararem para a próxima safra.
Fonte: Notícias agrícolas