Rabobank divulga relatório com perspectivas para o cenário econômico, grãos e proteína animal
Estudo traz mercados de soja, milho, algodão, fertilizantes, proteína animal, café, cana, açúcar, etanol, papel, celulose, suco de laranja e leite
São Paulo, outubro de 2025 - O Rabobank, banco de atuação global especializado em soluções financeiras para o agronegócio, divulgou o relatório Perspectivas para o Agronegócio 2026, que traz as principais tendências do setor para o próximo ano. Para ter acesso ao estudo completo, clique aqui. Confira abaixo os destaques:
Macroeconomia
A economia brasileira desacelera devido aos efeitos defasados da política monetária restritiva, apesar do efeito parcialmente mitigador de políticas fiscais contracíclicas. Medidas de inflação corrente e prospectiva já ensaiam moderação, mas o Copom aguarda sinais mais claros para dar início ao próximo ciclo de cortes de juros. Assim, o real brasileiro não poderá continuar a contar com a ajuda do diferencial de juros, passando a refletir cada vez mais incertezas sobre a fragilidade fiscal e os destinos da corrida eleitoral.
A conjuntura global continuará desafiadora. Além das tensões geopolíticas, as incertezas comerciais pesarão sobre o crescimento da economia dos EUA e da China. Com isso, cortes de juros pelo Fed podem enfraquecer o dólar no curto prazo, enquanto uma recessão global permanecer longe do radar. Portanto, trata-se de um cenário desafiador para a demanda global e o mercado de commodities.
Insumos
Os produtores rurais deverão continuar enfrentando uma situação de aperto nas margens operacionais em 2026, com a recuperação esperada para a metade de 2027. Segundo projeções do Rabobank, as entregas de fertilizantes em 2025 devem ser recorde no Brasil. Para 2026 a expectativa é de um novo aumento nas entregas.
Cana, Açúcar e Etanol
Com um plantio maior no 1º trimestre de 2025 e um clima mais ameno ao longo de 2025 em comparação com 2024, a safra 2026/27 no centro-sul tem chance de ser maior que a safra 2025/26, se o verão for normal.
O preço internacional de açúcar caiu ao longo de 2025, dada a transição do balanço global de déficit para excedente, enquanto os fundos construíram uma grande posição líquida vendida no mercado. O preço do etanol em 2025 se mostrou firme dada a moagem menor e um mix altamente açucareiro.
Se a safra 2026/27 for grande, as usinas vão enfrentar um dilema de mix. Um mix açucareiro poderia pressionar ainda mais o preço do açúcar. Mas, com crescimento adicional de etanol de milho garantido, se o setor de cana mudar muito para etanol, arriscaria derrubar o preço do combustível.
Café
O Rabobank revisou a estimativa de demanda brasileira de café em 2024/25 (julho a junho), de 21,8 para 21,4 milhões de sacas, uma queda de 0,9% em relação ao ciclo anterior. Para 2025/26, espera-se um crescimento de 1,2%, totalizando 21,7 milhões de sacas.
As exportações brasileiras de café para o ciclo 2025/26 (julho a junho) são projetadas entre 39 e 41 milhões de sacas. Esta desaceleração reflete as frustrações nas últimas colheitas e a redução nos estoques de passagem.
Entre o final de 2025 e o início de 2026, os preços do café devem permanecer voláteis, influenciados pelo atual contexto geopolítico, como as tarifas impostas pelos Estados Unidos e o regulamento europeu (EUDR), além dos estoques mais baixos. No entanto, a expectativa de recuperação da oferta global pode exercer pressão sobre os preços.
Soja
Para o ciclo 2025/26, mesmo diante de elevadas taxas de juros, que continuam pressionando o fluxo de caixa dos produtores, muitos ainda altamente alavancados, o RaboResearch projeta um crescimento de 2% na área plantada de soja. Embora represente uma expansão, esse ritmo é inferior à média dos últimos 15 anos, de aproximadamente 4% ao ano.
As exportações brasileiras devem manter os volumes recordes de 2024, com estimativa de 111 milhões de toneladas. No entanto, um eventual acordo comercial entre Estados Unidos e China pode reduzir a demanda pela soja brasileira e pressionar os prêmios nos portos nacionais, o que poderia resultar em preços internos menos favoráveis ao produtor no Brasil.
Milho
A rentabilidade observada em 2025 tem incentivado os produtores a ampliar a área destinada ao milho na safra 2025/26. O RaboResearch projeta um aumento de 2,2% na área total cultivada, refletindo a atratividade do cereal frente a outras culturas. Considerando a tendência de produtividade, a produção total deverá atingir 137 milhões de toneladas, sendo 27 milhões de toneladas da safra de verão e 110 milhões de toneladas do milho safrinha.
Apesar da expansão da área, a produção projetada representa uma redução de 5 milhões de toneladas em relação ao ciclo anterior. No cenário internacional, os Estados Unidos, maior produtor e exportador global, devem colher uma safra recorde estimada em 427 milhões de toneladas, o que permitirá uma recomposição significativa dos estoques.
Algodão
Para a safra 2025/26, o RaboResearch projeta uma nova expansão da área destinada ao cultivo de algodão, que deve ultrapassar 2,1 milhões de hectares — o maior nível observado em 37 anos. Apesar do avanço, o crescimento será mais moderado, com alta estimada em cerca de 2,5% em relação à safra anterior.
No mercado interno, os preços da pluma no Mato Grosso registraram queda pelo quinto mês consecutivo, pressionados pelo avanço da colheita da safra 2024/25 e pelo desempenho ainda aquém do esperado das exportações acumuladas entre agosto e setembro, em comparação ao mesmo período do ano anterior. O atual cenário de preços também não vem favorecendo a evolução da comercialização da pluma para a safra 2025/26. De acordo com o Imea, a comercialização da safra está em 30%, em linha com o ano passado, porém 13 pontos percentuais abaixo da média histórica.
Proteína animal
O mercado de proteína animal no próximo ano segue em ambiente de volatilidade, impactado por questões climáticas, geopolíticas, riscos sanitários e pelo poder de compra da população.
Barreiras comerciais e/ou sanitárias seguem como os principais desafios para o setor de exportação, por conta da baixa previsibilidade e do alto potencial disruptivo, mesmo com os avanços ligados à regionalização com importantes parceiros comerciais.
As exportações das carnes bovina, suína e de frango devem ter por mais um ano, a oportunidade de elevar os embarques não só em volume, como em faturamento, principalmente a carne bovina, devido à expectativa de queda na oferta global.
Suco de laranja
Com a oferta em crescimento e a demanda retraída pelos altos preços no varejo, a recuperação dos estoques globais deve ganhar relevância ao final da safra 2025/26.
O balanço global entre oferta e demanda, projetado com superávit de 250 mil toneladas equivalentes de FCOJ, está sustentado principalmente pela retomada da produção no Brasil durante esta safra.
Nesse contexto, os preços do suco devem permanecer sob pressão, enquanto o mercado aguarda as primeiras indicações da safra 2026/27, que serão fundamentais para avaliar se a recomposição dos estoques poderá se estender por mais um ciclo.
Leite
A produção brasileira de leite deve apresentar crescimento moderado em 2026, influenciada por preços ao produtor ligeiramente menores no início do ano e por uma base de comparação elevada, devido ao forte crescimento registrado em 2025.
Do lado da demanda, o cenário tende a permanecer moderadamente positivo, impulsionado pelo início de um ciclo de corte de juros, gastos públicos elevados e manutenção do desemprego em patamares baixos. Esses fatores devem contribuir para sustentar o consumo de lácteos ao longo do ano.
Celulose
O mercado ainda enfrenta dificuldades para absorver a capacidade adicional das novas plantas inauguradas na América do Sul em 2023 e 2024, além do impacto do aumento da celulose integrada na China, que deve acrescentar cerca de 5 milhões de toneladas de BHKP entre 2024 e 2027.
A desaceleração macroeconômica global, com enfraquecimento nos EUA e Europa, e o excesso de capacidade na China devem continuar pressionando os preços do papel.
Em 2025, as exportações já devem superar 20 milhões de toneladas, com novo recorde esperado para o próximo ano. O país deve continuar avançando na diversificação dos destinos, com destaque para o crescimento nos EUA.
Informações: Assessoria Rabobank



