Resultados do mercado de sêmen bovino decolam em 2021
Número de municípios brasileiros que utilizam inseminação artificial cresceu 4,2% entre janeiro a setembro de 2021
Pecuária
A Associação Brasileira de Inseminação Artificial (Asbia) divulgou na última terça-feira (16), o novo Index ASBIA 3º trimestre 2021, que traz dados sobre o mercado de sêmen e botijão.
O relatório aponta que 77,6% dos municípios brasileiros (4.321) utilizam Inseminação Artificial (IA) atualmente, representando um crescimento de 4,2% em relação aos nove primeiros meses de 2020. A IA é trabalhada no segmento de corte em 3.822 municípios, e em 3.747 no de leite.
“O destaque absoluto fica por conta do crescimento de 13% no corte e 3% no leite. Atravessando uma tempestade perfeita de mercado, o melhoramento genético continua avançando. Em momentos difíceis assim, no passado, já assistimos uma retração forte superior a 20%”, afirma o presidente da Asbia, Márcio Nery.
O aumento de municípios que utilizam IA aponta que o Brasil, apesar de ser um país de tamanho continental, vem diminuindo as distâncias em relação às tecnologias aplicadas à pecuária, explica o leiloeiro rural do programa de venda de sêmen Genética BR, Gabriel Borges.

“Áreas importantes como mensuração de carcaça, através de ultrassom ou de índices zootécnicos, são importantes para direcionar o que quer dentro do criatório. Hoje você consegue colocar mais peso no bezerro, peso a desmama, peso ao ano e peso ao sobreano só na escolha do touro correto em relação ao projeto que você quer”, afirma.
De acordo os dados da Asbia, entre janeiro a setembro deste ano foram coletadas 16.713.741 doses de sêmen, o que representa crescimento de 70% em relação ao mesmo período de 2020.
As vendas alcançaram um total de 18.537.403 doses vendidas que, comparadas as 15.233.306 dos primeiros nove meses de 2020, indicam um crescimento de 22% na comparação.
As exportações brasileiras de sêmen somaram 637.447 mil doses entre janeiro a setembro deste ano, o que corrresponde a avanço de 84% frente ao mesmo período do ano passado.
A Asbia também registrou aumento de 24% nas importações. Entre janeiro a setembro de 2021, 9.657.242 doses entraram no mercado nacional.
Melhoramento Genético
Gabriel Borges pontua que o investimento em sêmen traz resultados positivos aos criatórios com boa relação de custo-benefício. É possível alinhar rusticidade, precocidade e velocidade de ganho de peso, por exemplo.
As avaliações dos melhoradores são fundamentais para trazer o equilíbrio de resultados e características que o produtor procura, antecipando como será o bezerro antes da inseminação.
“Você pode vender uma arroba em um preço hoje, mas também pode agregar 20% ou 30% em cima dessa arroba só por conta de características da carne, como marmoreio, EGS [Espessura de Gordura Subcutânea], área de olho de lombo, que vão dar um rendimento maior do animal no frigorífico”, explica o leiloeiro rural.
O apresentador do programa Genética BR também aposta na democratização do melhoramento genético bovino brasileiro a partir da venda de sêmen. É um investimento mais barato em relação a compra de touros, que podem custar mais de R$ 20 mil e cobrem entre 40 a 50 vacas por ano, por exemplo.

O material genético também pode ser enviado para estados em que é proibida a entrada de bovinos vindos de áreas sem o status de zona livre de febre aftosa sem vacinação.
“Quando a gente trabalha com sêmen são reprodutores extremamente funcionais, reconhecidos e referenciados pelas suas qualidades no mercado. Ele é um touro de evidência que vai para central, tem seu sêmen coletado e é disponibilizado ao mercado. Temos vendidos sêmen de touros campeões dentro do programa Genética BR a R$ 12 e R$ 15 a dose de um touro que, normalmente, se fosse comprar em um leilão, pagaria no mínimo entre R$ 60 a R$ 80 mil no animal. Você pode fazer um investimento pequeno e inseminar mil vacas. Se alguma coisa falhar, você pode reinseminar”, avalia Borges.
O melhoramento genético de rebanhos a partir da inseminação artificial permite “corrigir” características que estão em falta no rebanho. A máxima da genética bovina, lembra Borges, é produzir indivíduos melhores que as mães que os concebeu. É também a ferramenta para produzir mais quantidade de carne por hectare e de melhor qualidade, agregando valor para essa arroba e ganhar mercados mais exigentes.
“Se o produtor rural conseguir produzir mais carne na mesma área ele já está ganhando. É uma conta que gosto de fazer em cima do touro melhorador, pois ele vai te colocar mais peso no bezerro na desmama, no ano, e no sobreano. Em cima dessa melhoria da carcaça que o produtor rural vai se rentabilizar para poder fazer os investimentos dentro da própria propriedade e arcar com os custos familiares”, aponta o apresentador do programa Genética BR.
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