Haddad: não é novidade falar em moeda local em comércio bilateral; quem cuida do dólar são EUA
O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, afirmou nesta segunda-feira, 4, que é cada vez mais comum o uso de moedas locais em comércios bilaterais sem passar necessariamente pela moeda norte-americana. O ministro salientou que a prática já foi usada no Mercosul e que o debate está sendo retomado para que seja mais frequente. "Penso que o comércio em moeda local, sobretudo com as moedas digitais, tendem a ser um fato cada vez mais frequente nas relações bilaterais", previu.
Ele também citou o caso do comércio entre Índia e Rússia, que se dá em moeda local e que cada vez menos passa pelo dólar. "E nem por isso a Índia foi penalizada com uma tarifa de 50%", comparou, salientando que empréstimos internacionais também têm se dado em outras moedas. "Então não é propriamente uma novidade falar disso. E a moeda americana, quem tem de cuidar da moeda americana é o país emitente a moeda americana, que são os Estados Unidos", continuou em entrevista ao programa "Entre Nós", da BandNews, que teve o tarifaço dos Estados Unidos como principal pauta.
De acordo com Haddad, a moeda americana teve muita força como reserva de valor e como meio de pagamento, e pode continuar tendo, mas que este é um assunto doméstico dos Estados Unidos, pois depende do quanto as finanças do país estiverem bem e de quão seguras as pessoas estão de deter as suas reservas em dólar. "Isso está mudando por razões que transcendem a vontade do Brasil, é uma realidade global hoje, toda hora tem notícias sobre um país ter diminuído as suas reservas em dólar para comprar mais ouro, para comprar mais euro, para comprar iene Essa mudança do portfólio dos fundos soberanos, dos fundos de previdência, isso é um movimento normal que está acontecendo."