Kepler Weber nega negociação com Bunge e confirma tratativas com grupo dono da GSI
A Kepler Weber negou na terça-feira, 4, qualquer negociação envolvendo a Bunge para aquisição de participação na companhia. Em fato relevante enviado à Comissão de Valores Mobiliários (CVM), a fabricante de silos confirmou ter recebido proposta não vinculante da Grain & Protein Technologies (GPT) para combinação de negócios e concedeu exclusividade de 90 dias para avaliação da transação.
"A companhia esclarece que desconhece qualquer informação relativa a uma operação envolvendo a Trígono Capital e Bunge", afirmou no documento assinado pelo diretor financeiro e de relações com investidores, Renato Arroyo Barbeiro. A Trígono Capital é o maior acionista da Kepler Weber, com 15,30% do capital.
O comunicado foi divulgado em resposta a notícias publicadas durante a terça sobre suposto interesse da Bunge na companhia e sobre a movimentação anormal das ações da empresa na B3 nos últimos pregões.
Segundo a Kepler Weber, a A-AG Holdco, Limited, atuando como GPT, apresentou à administração da companhia uma proposta para uma "potencial combinação de negócios entre ambas as sociedades". A empresa concordou em conceder exclusividade de 90 dias à GPT "para fins de avaliação, negociação e documentação da Potencial Transação".
"Até a presente data não há qualquer acordo vinculante celebrado no contexto da Potencial Transação", destacou o fato relevante. A Kepler Weber afirmou que "está sempre atenta e constantemente avaliando oportunidades de operações estratégicas visando à geração de valor a seus acionistas e stakeholders em geral" e que "manterá seus acionistas e o mercado em geral informados acerca de eventuais desenvolvimentos relevantes".
A GPT é descrita no documento como "fornecedora global de equipamentos de armazenamento de grãos e sementes, bem como sistemas de alimentação, ventilação e controle para produção de proteínas". A empresa projeta, fabrica e comercializa equipamentos para armazenagem, secagem e processamento de grãos, além de sistemas para produção de aves, suínos e ovos. Opera sob marcas como GSI, AP, Cumberland, Tecno e Cimbria, com presença em mais de 100 países.
A GPT é controlada pela firma de private equity AIP (American Industrial Partners), que comprou a companhia da AGCO em 2024. A marca GSI, uma das principais do grupo, é o maior fabricante de silos agrícolas dos Estados Unidos, mas possui participação de mercado estimada em cerca de 10% no Brasil. A Kepler Weber, por sua vez, é líder no mercado brasileiro de equipamentos para armazenagem e soluções em pós-colheita de grãos.
Esta não seria a primeira tentativa da GSI de adquirir a Kepler Weber. Em 2007, quando a empresa brasileira atravessava uma crise financeira, a GSI, então um negócio independente, fez uma oferta pela companhia. Dez anos depois, em 2017, quando a GSI estava sob controle da AGCO, houve nova tentativa, com oferta de US$ 185 milhões. Na ocasião, chegaram a um acordo com a Previ e o Banco do Brasil, que detinham 35% do capital da Kepler, mas desistiram posteriormente.
A Kepler Weber está avaliada em cerca de R$ 1,6 bilhão na B3. No terceiro trimestre de 2025, a empresa registrou lucro líquido de R$ 51,6 milhões, queda de 13,5% em relação ao mesmo período de 2024. A receita líquida somou R$ 423,3 milhões, retração de 3,6%, enquanto o Ebitda (lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização) totalizou R$ 73,6 milhões, baixa de 20,8% na mesma comparação.
A margem Ebitda do trimestre ficou em 17,4%, avanço de 5,2 pontos porcentuais em relação ao segundo trimestre, quando havia ficado em 12,2%. O CEO da empresa, Bernardo Nogueira, afirmou na última quarta-feira que o trimestre marcou "o início de uma recuperação gradual" após um primeiro semestre pressionado por crédito caro e juros elevados.



