Moody's rebaixa classificação da Eldorado de Ba2 para Ba3, com perspectiva estável

20/11/2025 às 13:48 atualizado por Talita Nascimento - Estadão
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A Moody's Ratings rebaixou a classificação da Eldorado Brasil Celulose de Ba2 para Ba3, com perspectiva estável. Em agosto, a agência de classificação de risco colocou a nota da companhia sob revisão para rebaixamento após a aquisição da participação da Paper Excellence na Eldorado pela J&F por R$ 15 bilhões. O rebaixamento reflete a percepção de que a alavancagem permanecerá alta, além de riscos de governança.

A Moody's avalia que a transação criou uma estrutura de capital desequilibrada para a Eldorado, que pressionava a liquidez de curto prazo, ao mesmo tempo que aumentava o risco de refinanciamento.

"Durante o período de revisão, a Eldorado implementou um plano de gestão de passivos visando mitigar a natureza de curto prazo de sua nova dívida e estender os vencimentos para reduzir a pressão de refinanciamento", avalia a classificadora de risco. A administração utilizou R$ 3,7 bilhões em receitas de vendas de ativos florestais excedentes e swaps para reduzir a dívida bruta e emitiu instrumentos de mercado local de longo prazo incentivados. "Essas ações contribuíram para estender o vencimento médio da dívida da empresa para aproximadamente 3,5 anos, mantendo seu custo médio de dívida", ressalta a Moody's.

Embora essas iniciativas tenham ajudado a abordar o risco de refinanciamento de curto prazo, elas foram executadas em um cenário de alavancagem elevada e acesso reduzido a fontes alternativas de liquidez, destacando a necessidade de disciplina financeira contínua, diz o relatório da instituição.

"Embora a monetização de ativos florestais tenha temporariamente fortalecido a liquidez, proporcionando uma reserva para cobrir as amortizações de dívida de 2026 e parte de 2027, a empresa quase esgotou seu estoque excedente de madeira. Isso limita sua capacidade de gerar mais liquidez a partir de ativos florestais no curto prazo sem comprometer a capacidade operacional ou a produtividade", complementa o texto.

O rebaixamento para Ba3 reflete a expectativa da casa de que a alavancagem da Eldorado permanecerá elevada e acima do gatilho de rebaixamento de 4x (dívida total ajustada pela Moody's/Ebitda por um período prolongado). "Esperamos que a alavancagem ajustada pela Moody's atinja o pico próximo de 7x até o final de 2025 e decline gradualmente para cerca de 4,45x até o final de 2026, à medida que a Eldorado continua a executar seu plano de gestão de passivos, incluindo monetização adicional de ativos e iniciativas de amortização de dívida", afirma a agência.

O relatório ainda aponta que os preços persistentemente baixos da celulose e o aumento das despesas com juros pesem fortemente sobre a geração de fluxo de caixa e métricas de cobertura de juros.

As preocupações da casa com a governança da companhia também se intensificaram após a aquisição, em maio de 2025, da participação da Paper Excellence pela J&F, "o que concentrou ainda mais a propriedade e sinalizou uma mudança em direção a uma maior tolerância ao risco". "Essa mudança é refletida na desconexão entre as metas de política financeira declaradas - como alavancagem líquida de 2,5x a 3,5x - e o comportamento real de financiamento, incluindo a emissão substancial de dívida", diz o relatório.