Taxas de juros futuras andam de lado nesta sexta, mas têm forte recuo na semana
Na ausência de condutores relevantes locais para guiar os investidores e com baixa liquidez na sessão, os juros futuros negociados na B3 mostraram tendência de acomodação nesta sexta-feira, 14. As taxas rondaram os ajustes anteriores ao longo de todo o pregão, ainda que tocando mínimas intradiárias nos trechos curtos e, mais cedo, também nos intermediários.
A piora observada no ambiente externo, na medida em que a volatilidade causada pelo fim do shutdown e declarações de membros do Federal Reserve (Fed) vão esfriando apostas de novo corte de juro nos Estados Unidos em dezembro, teve influência sobre a leve abertura dos DIs do "miolo" da curva e dos vértices longos. Por outro lado, o comportamento neutro do câmbio na sessão evitou deterioração relevante, no último dia de uma semana bastante positiva para o mercado local de renda fixa.
Encerrados os negócios, a taxa do contrato de Depósito Interfinanceiro (DI) para janeiro de 2027 caiu de 13,644% no ajuste anterior para 13,625%. O DI para janeiro de 2029 subiu de 12,815% no ajuste a 12,835%. O DI para janeiro de 2031 ficou em 13,175%, vindo de 13,165%.
Economista-chefe da BGC Liquidez, Felipe Tavares afirma que, sem dados domésticos hoje, a dinâmica externa exerceu maior influência sobre os DIs. Tavares observa que as últimas falas de grande parte dos dirigentes do Fed deram a entender que não haverá flexibilização adicional da política monetária na próxima reunião do Comitê de Mercado Aberto (FOMC, na sigla em inglês).
Já o encerramento da paralisação do governo americano, tido como um fator positivo quando anunciado, acabou por adicionar mais incerteza ao ambiente, uma vez que não está claro se todos os dados que deixaram de ser divulgados no período virão a público, comentou.
"Parece que está fora de cogitação um corte de juros nos EUA em dezembro, e isso que pesou mais sobre os DIs hoje", disse Tavares. "Há um 'sell-off' de ativos lá fora que trouxe pessimismo ao mercado doméstico", acrescenta. O rendimento dos Treasuries ganhou força na segunda etapa do pregão, com o aumento da percepção de risco. O juro da T-Bond de 30 anos avançava a 4,748% às 18h02.
Carla Argenta, economista-chefe da CM Capital Markets, concorda que o fator externo foi o principal 'driver' dos negócios hoje, em uma sessão de acomodação das taxas. Mas, a despeito do dia morno, destaca que a semana foi marcada por deslocamento para baixo significativo da curva a termo.
No cômputo semanal, a taxa futura projetada para janeiro de 2027 cedeu 23 pontos-base ante o fechamento da última sexta. O DI para janeiro de 2029 e o de janeiro de 2031 diminuíram 22 pontos-base e 19 pontos-base, pela ordem.
Embora o presidente do Banco Central, Gabriel Galípolo, tenha vindo a público afirmar que quem leu sinais 'dovish' - ou seja, inclinados a cortes - na ata do Comitê de Política Monetária (Copom) teve interpretação incorreta, o documento jogou luz sobre uma reavaliação do BC a respeito do nível de atividade, diz Argenta. O texto ainda mostrou um Copom menos incerto sobre pontos negativos para o cenário de inflação, em sua percepção.
Divulgada na terça-feira, mesmo dia da ata, a alta de apenas 0,09% do IPCA de outubro, abaixo do consenso do mercado para o dado, também contribuiu com o alívio da curva, acrescenta Argenta.
Segundo a equipe econômica do Santander, além da ata, a curva se beneficiou de um forte apetite a risco dos investidores, que também impulsionou a Bolsa e deu fôlego ao real. A curva futura, porém, segue precificando que a Selic terminará 2026 ao redor de 12,25%, observam os economistas do banco.
A instituição revisou sua estimativa para o juro básico no período, de 13% para 12,50%. A alteração reflete o quadro mais benigno para a inflação e a confiança crescente no desaquecimento da atividade.



