Brasil registra novo recorde nas exportações ao Canadá no acumulado de 2025

Envios somam mais de US$ 5 bilhões entre janeiro e setembro e crescem 14% em relação ao mesmo período de 2024; ouro e café estão entre os destaques

18/11/2025 às 11:09 atualizado por Redação - SBA
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São Paulo, novembro de 2025 – O comércio entre Brasil e Canadá manteve ritmo forte nos nove primeiros meses de 2025, fato este que consolida a trajetória de crescimento contínuo das exportações brasileiras ao território canadense e um saldo comercial positivo para o País. O Quick Trade Facts (QTF), relatório trimestral elaborado pela Câmara de Comércio Brasil-Canadá (CCBC), aponta que as vendas do Brasil aos norte-americanos somaram US$ 5,08 bilhões entre janeiro e setembro, um aumento de 14% em relação ao mesmo período de 2024.

As importações brasileiras de produtos canadenses também cresceram. O estudo registrou 7% no acumulado do ano, atingindo US$ 2,36 bilhões, o que resultou em um saldo comercial favorável de US$ 2,7 bilhões para o Brasil. O avanço reforça o papel do Canadá como parceiro estratégico do Brasil no comércio exterior. A corrente de comércio – soma de exportações e importações – alcançou US$ 7,45 bilhões, crescimento de 12% frente à 2024.

Segundo análise dos especialistas da CCBC, mesmo com a valorização gradual do real frente ao dólar canadense, os embarques brasileiros aumentaram, demonstrando a força e a competitividade dos produtos nacionais no mercado. Isso porque, quando o real se valoriza frente ao dólar canadense, os produtos brasileiros tornam-se “mais caros” para os canadenses, o que tende a reduzir, e não a aumentar, as exportações. Ou seja, há uma relação inversa onde a valorização da moeda brasileira costuma diminuir a competitividade dos produtos nacionais no exterior e, ao mesmo tempo, pode favorecer o aumento das importações de produtos canadenses.

“O desempenho confirma que os produtos brasileiros continuam ganhando espaço no mercado canadense pela qualidade, diversificação de portfólios e pelo cenário econômico mundial atual”, afirma Hilton Nascimento, diretor-presidente da CCBC. “Além disso, o tarifaço que foi imposto pelos Estados Unidos a vários países ajudou a impulsionar ainda mais a relação bilateral entre Brasil e Canadá que já vinha em alta”, complementou.

Exportações em alta e novo recorde histórico

As exportações brasileiras registraram o maior valor já alcançado para o acumulado até setembro, superando em mais de US$ 600 milhões o recorde anterior, de 2024. O crescimento foi impulsionado principalmente pelas vendas de bulhão dourado (ouro em forma bruta), café verde, carne suína, além de produtos do setor mineral e da indústria de transformação, como óxido de alumínio.

#

Produto

Jan-Set 2025 – Valor FOB (US$

Variação Jan-Set 2025/2024 – Valor FOB (US$)

Share do Total Exportado – Valor FOB (US$)

Valor FOB (US$) Jan-Set / 2024

1

Bulhão dourado, em formas brutas, para uso não monetário

2.008.172.577

67%

41,1%

1.248.707.699

2

Alumina calcinada

1.196.815.040

10%

23,5%

1.083.439.823

3

Outro açucares de cana

335.529.229

-17%

6,6%

402.811.680

4

Outros aviões e outros veículos aéreos de peso superior a 15.000 kg, vazios

158.655.121

-64%

3,1%

436.490.951

5

Café não torrado, não descafeinado, em grão

214.802.355

40%

4,2%

153.695.340

6

Outros produtos semimanufaturados de ferro ou aço não ligado de seção transversal

32.220.252

-84%

0,6%

197.114.186

7

Bauxita não calcinada (minério de alumínio)

56.616.181

0%

1,1%

56.795.127

8

Ouro em barras, fios e perfis de seção maciça

107.012.389

-

2,1%

-

9

Outros niveladores

42.047.077

7%

0,8%

45.068.744

10

Outros minérios de cobre e seus concentrados

25.804.793

-52%

0,5%

53.975.804

11

Outras carregadoras e pás carregadoras, de carregamento frontal

30.960.730

4%

0,6%

29.679.909

12

Minérios de níquel e seus concentrados

22.558.665

-36%

0,4%

35.163.284

13

Café solúvel, mesmo descafeinado

30.439.574

15%

0,6%

26.435.887

14

Coque de petróleo calcinado

31.019.621

28%

0,6%

24.259.572

15

Querosenes de aviação

21.491.435

-11%

0,4%

24.080.006

No terceiro trimestre, os resultados reforçaram essa tendência: o bulhão dourado manteve a liderança, com US$ 1,79 bilhão exportado, um salto de 43,8% frente ao mesmo período de 2024. A alumina calcinada também apresentou desempenho expressivo, somando US$ 883,1 milhões, avanço de 37%, enquanto o café verde cresceu 16%, totalizando US$ 177,6 milhões. Esses produtos continuam entre os principais responsáveis pela expansão da balança comercial brasileira com o Canadá.

Apesar da queda em alguns itens, como aeronaves e açúcar, a combinação de commodities minerais e agrícolas continua a liderar o desempenho das exportações. A participação do Canadá nas exportações totais do Brasil subiu de 1,7% para 2%, refletindo o fortalecimento das relações comerciais entre os países.

Importações estáveis

Do lado das importações, o Brasil comprou 7% mais produtos canadenses do que no mesmo período de 2024, com destaque para fertilizantes, turborreatores, medicamentos e máquinas. O Canadá segue sendo um fornecedor importante para a indústria brasileira, especialmente nos segmentos químico, farmacêutico e de equipamentos pesados.

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Produto

Jan-Set 2025 – Valor FOB (US$)

Variação Jan-Set 2025/2024 – Valor FOB (US$)

Share do Total Exportado – Valor FOB (US$)

Valor FOB (US$) Jan-Set/ 2024

1

Outros cloretos de potássio

1.233.020.185

20%

26%

1.027.777.570

2

Turborreatores de empuxo superior a 25 Kn

121.070.132

37%

2,6%

88.587.907

3

Partes de turborreatores ou de turbopropulsores

74.892.830

-1%

1,6%

75.573.892

4

Cloreto de potássio, com teor de óxido de potássio (K20), não superior a 60%, em peso

48.611.884

-17%

1,0%

58.814.717

5

Outros medicamentos contendo composto hetorocíclicos heteroátomos nitrogenados, em doses

46.424.761

10%

1,0%

42.365.187

6

Copolímeros de etileno e alfa-olefina, de densidade inferior a 0,94

30.113.499

-41%

0,6%

51.449.960

7

Polietileno de densidade inferior a 0,94, sem carga

33.814.577

1%

0,7%

33.317.655

8

Helicópteros, de peso não superior a 2.000 kg, vazios

37.335.236

36%

0,8%

27.412.314

9

Outros aviões e outros veículos aéreos, de peso superior a 15.000 kg, vazios

-

-100%

0,0%

48.479.430

10

Outros medicamentos com compostos heterocíclicos, etc, em doses

14.854.481

-37%

0,3%

23.468.467

11

Outras máquinas e aparelhos para colheita

14.307.099

-25%

0,3%

18.963.500

12

Helicópteros, de peso inferior ou igual a 3.500 kg

-

-100%

0,0%

32.817.878

13

Enxofre de qualquer espécie, exceto o enxofre sublimado, o precipitado e o coloidal, a granel

28.158.745

678%

0,6%

3.617.954

14

Outros polietilenos sem carga, densidade >= 0.94, em formas primárias

11.824.205

-28%

0,2%

16.937.066

15

Outras preparações dos tipos utilizados na alimentação de animais

7.903.693

-55%

0,2%

17.637.911

Entre julho e setembro, os cloretos de potássio continuaram liderando as compras brasileiras, somando US$ 1,09 bilhão, alta de 6% em relação ao mesmo trimestre de 2024. Também se destacaram as importações de turborreatores (US$ 113,8 milhões; +28%), helicópteros de até 2 mil kg (US$ 32,9 milhões; +20%) e enxofre a granel, que registrou um aumento excepcional de 678%, atingindo US$ 28,1 milhões.

Itens como nióbio, moldes industriais e betume de petróleo também tiveram aumentos expressivos, demonstrando a continuidade de fluxos comerciais em setores de alta tecnologia e energia.

“Mais do que um recorde comercial, esses números refletem o amadurecimento das relações econômicas entre Brasil e Canadá e o início de um novo ciclo de oportunidades”, conclui Nascimento.

 

Acesse dados completos e análises no estudo da CCBC: Quick Trade Facts

Informações: Câmara de Comércio Brasil-Canadá (CCBC)