Chineses vão reduzir compra de carne brasileira, diz presidente da Câmara Brasil-China
Charles Tang disse acreditar na volta das exportações "até o final deste ano"
O governo chinês vai reduzir o consumo de carne bovina a partir do ano que vem – o que afeta diretamente os interesses do Brasil para o comércio da proteína com o país asiático -, apesar de reconhecer a dependência do fornecimento do produto por fornecedores brasileiros. A afirmação partiu do presidente da Câmara de Comércio e Indústria Brasil-China, Charles Andrew Tang, dada com exclusividade ao Canal do Boi nesta sexta-feira (22).
“O governo chinês está querendo reduzir o consumo de carne bovina por razões de saúde [da população] e de ecologia climática”, disse Tang, citando ainda que o consumo da proteína é em média de 6 quilos per capita/ano. Para o governo chinês, o consumo de carne suína é saudável e a criação de porcos afetaria menos o clima do que a manutenção de rebanhos de bovinos, disse Tang.
Mesmo assim, o presidente da câmara disse ter “certeza” de que a retomada da importação de carne do Brasil ocorrerá “até o final do ano”, principalmente porque “a China não tem tantas alternativas”, em referência ao bloqueio comercial com a Austrália e à baixa capacidade de fornecimento pela Argentina, Uruguai e Nova Zelândia.
O mercado de carne bovina da China é de 87 milhões de toneladas/ano, que somam US$ 110 bilhões. O Brasil vende 41% de toda a sua produção ao mercado chinês desde 2019, um ano após rebanhos do país serem atingidos por um surto de peste suína, sua principal fonte de proteína.
Uma queda de preços – chamada por ele de “estabilização” – seria fundamental para a volta das negociações, interrompidas desde o começo de setembro, após o registro de dois casos de EEB (Encefalopatia Espongiforme Bovina) em Minas Gerais e Mato Grosso, no momento em que arroba do boi estava em R$ 304. Nesta sexta-feira, a cotação média foi de R$ 266 – queda de 12,5%.
“Com a retomada das exportações [de carne bovina] pela Argentina, a volta das compras do Brasil deixou de ser tão urgente”, afirmou, mesmo prevendo a retomada das exportações “até o final do ano”.
Confira mais detalhes na entrevista com o presidente da Câmara de Comércio e Indústria Brasil-China, Charles Andrew Tang.
Foto de capa: Arquivo/Canal do Boi