Chuvas comprometem a colheita da soja e geram prejuízos para produtores em MT
Apenas 1,41% da área plantada foi colhida, o que representa uma queda de 11,41% em relação ao mesmo período da safra anterior
Os produtores de soja e milho em Mato Grosso enfrentam um cenário de dificuldades devido às chuvas intensas que atingem o estado, atrasando a colheita e expondo fragilidades logísticas e de armazenamento.
Diego Bertuol, produtor rural em Marcelândia e diretor administrativo da Aprosoja MT, destacou que a situação é preocupante onde as chuvas intensas têm dificultado as operações. “O cenário é alarmante. Temos mais de 400 milímetros acumulados nos últimos 15 dias, impossibilitando as colheitas dos grãos prontos e também daqueles que já foram dessecados. Temos talhões com mais de 15 dias de dessecado, chegando a 20% de grãos avariados, outros com mais de 30% de umidade indo para o armazém, o que gera desconto de mais de 50% da carga. Vale lembrar ainda que o produtor, vem de uma safra de seca severa, perca agressiva no valor das comodities e, esse ano perca por chuva, então o produtor do estado do MT, vê com preocupação a crise que se encontra o setor”.
Os dados do Instituto Mato-Grossense de Economia Agropecuária (IMEA) confirmam o atraso na colheita. Até o momento, apenas 1,41% da área plantada foi colhida, o que representa uma queda de 11,41% em relação ao mesmo período da safra anterior. Esse atraso também compromete a janela ideal para o plantio do milho, gerando ainda mais preocupação entre os produtores.
De acordo com o vice-presidente da Aprosoja MT, Luiz Pedro Bier, além das perdas na qualidade dos grãos, os produtores enfrentam dificuldades logísticas agravadas pelo período chuvoso. Estradas não pavimentadas, amplamente utilizadas para o transporte de grãos, estão em condições críticas, dificultando ainda mais o escoamento da produção.
“Em termos logísticos temos também as estradas que foram severamente danificadas. Principalmente aquelas que não têm pavimento, e a gente sabe que a grande maioria das que são utilizadas pelos produtores rurais, na parte do escoamento de grãos para esse frete curto, são estradas não pavimentadas”, destacou.
O produtor e delegado da Aprosoja MT, Cleverson Bertamoni, de São José do Rio Claro, relatou que as lavouras do médio norte estão em boas condições, porém o tempo de desenvolvimento da soja, atrasou. “As lavouras estão bem carregadas, bem formadas, grãos aparecem com uma formação muito boa, porém a maioria das lavouras estão verdes ainda, não estão maturadas, mas a gente espera uma boa safra de soja, a esperança nossa é que dê uma boa produção, mas tudo isso que falam depende do tempo, se o tempo não colaborar e não der para entrar as máquinas em campo na hora certa, essa projeção não vai se confirmar”, disse.
O produtor ainda lembrou a preocupação com a safra de milho. “Estamos com atraso na colheita em relação ao ano passado, de 20 a 30 dias aqui na nossa região, encurtando consideravelmente nossa janela de milho para a segunda safra e os produtores estão preocupados, porque já adquiriram as sementes de milho, já adquiriram o fertilizante, todos os insumos para a segunda safra e agora não tem como voltar atrás, talvez vai ter que plantar fora da janela, meio arriscado, mas devido aos insumos já se encontram na propriedade, não tem como fazer a devolução. Então é bem preocupante”.
Sobre os impactos no plantio do milho, já atrasado devido ao início tardio das chuvas na safra de soja, Diego Bertuol criticou a divulgação de safra recorde. “O ciclo da soja, que chegaria com 110 ou 115 dias pronto para colher, está passando de 125 dias, além do aparecimento de algumas pragas. Isso acarreta em uma grande perda da produção. Essa narrativa de safra recorde não se enquadra para esse momento em Mato Grosso. Temos muitas perdas por grãos ardidos, brotados e pela dificuldade da soja em completar seu ciclo devido à nublosidade”.
Informações: Aprosoja MT