Efeitos climáticos nas oliveiras são tema de estudo da Seapi do Rio Grande do Sul
Pesquisadores do DDPA analisam impacto das variações meteorológicas em olivais de Viamão
Como os efeitos climáticos impactam no desenvolvimento das flores e frutos das oliveiras de uma determinada região? Em busca desta resposta, pesquisadores do Departamento de Diagnóstico e Pesquisa Agropecuária da Secretaria da Agricultura, Pecuária, Produção Sustentável e Irrigação (DDPA/Seapi) do Rio Grande do Sul, estão realizando estudos em olivais da Estância das Oliveiras e da Quinta da Estância, no município de Viamão. As pesquisas são realizadas semanalmente nas cultivares Arbequina, Arbosana, Coratina, Frantoio, Koroneiki e Picual, com foco nas fases de floração e frutificação das plantas em relação às variáveis meteorológicas, o que corresponde à fenologia reprodutiva das oliveiras. O monitoramento será realizado por, no mínimo, dois anos.
“Na época de floração é necessário o acompanhamento semanal, pois as flores têm duração muito curta”, afirma a pesquisadora Priscila Porto Alegre Ferreira, responsável pelo projeto. Segundo ela, este é um estudo piloto desenvolvido na Estância das Oliveiras e na Quinta da Estância, escolhidas pela proximidade com o Departamento, pela disponibilidade das seis cultivares para acompanhamento e pela importância atribuída à pesquisa pelos estabelecimentos.
"A ideia agora, no transcorrer dos próximos dias, é de a gente ver o pegamento do fruto e ter uma ideia de qual foi o pegamento e como foi a questão climática, porque pode ter dado algum problema, principalmente estas chuvas em excesso no período floral, é sempre uma preocupação”, explica André Goelzer, diretor operacional e mestre de lagar da Estância das Oliveiras. Segundo ele, é preciso uma janela de tempo bom para ter uma boa polinização e, consequentemente, uma boa produção.
Sobre o estudo, André afirma que é apoiador destes projetos, com o intuito de conseguir multiplicar conhecimento e com base nos levantamentos, saber quais os passos, quais as características que o local tem e as opções de melhoria, a partir deste resultado científico em cima das áreas. “Só assim conseguiremos vislumbrar uma melhor produtividade e também uma melhor qualidade de fruto e uma melhor qualidade de azeite”, explica Goelzer.
Segundo ele, existem vários projetos acontecendo ao mesmo tempo na Estância das Oliveiras e na Quinta da Estância, abrangendo desde abelhas sem ferrão, geografia e topografia das áreas, solos, desenvolvimento de variedades mais produtivas, turismo e qualidade dos azeites, entre outros. Só nos últimos três anos, foram 48 TCC´s publicados com pesquisas sobre o local.
Objetivo da pesquisa
A pesquisadora Priscila Ferreira explica que há poucos estudos publicados sobre o tema no Rio Grande do Sul e no Brasil. “O objetivo é desenvolver uma metodologia prática e acessível, que possa ser utilizada por técnicos e produtores em outras regiões fisiográficas do estado, permitindo a comparação das variações nas épocas de floração e frutificação das cultivares entre as diferentes regiões do Rio Grande do Sul”, afirma.
Esse estudo que está sendo realizado em Viamão faz parte de um projeto maior chamado "Estratégias para o desenvolvimento sustentável da cultura da oliveira (Olea europaea ) no Rio Grande do Sul", coordenado pela pesquisadora Andreia Rotta Oliveira, do DDPA/Seapi, com o objetivo de contribuir para o fortalecimento da cadeia produtiva de oliveiras no estado. “É um estudo contínuo, que vem sendo desenvolvido desde 2019 e já gerou várias publicações técnicas e artigos científicos (ver abaixo)”, afirma Andreia.
Além do estudo sobre a fenologia das cultivares, estão em andamento estudos para a identificação e controle de pragas e doenças, bem como sobre a influência das condições meteorológicas na produção de azeitonas no Rio Grande do Sul.
Veja aqui alguns estudos já publicados nesta área:
- Cadastro Olivícola do Rio Grande do Sul 2022. Circular: divulgação técnica, 13.
- Caracterização de olivais no Rio Grande do Sul: aspectos socioeconômicos, fitossanitários, de nutrição e fertilidade dos solos. Circular: divulgação técnica, 14.
- Aspectos fitotécnicos do cultivo da oliveira no Rio Grande do Sul II: estudos sobre cochonilhas e controle da antracnose. PESQ. AGROP. GAÚCHA, 100 Anos.
- Pesquisa sobre hábitos de consumo e preferências dos consumidores com relação ao azeite de oliva no Rio Grande do Sul. PESQ. AGROP. GAÚCHA, 100 Anos.
- Aspectos fitotécnicos do cultivo da oliveira no Rio Grande do Sul I: biologia reprodutiva. PESQ. AGROP. GAÚCHA, 100 Anos.
- Fenologia, exigências térmicas e composição mineral de folhas de variedades de oliveira no Rio Grande do Sul. PESQ. AGROP. GAÚCHA.
Fonte: Secretaria da Agricultura, Pecuária, Produção Sustentável e Irrigação do RS



