Efeitos climáticos nas oliveiras são tema de estudo da Seapi do Rio Grande do Sul

Pesquisadores do DDPA analisam impacto das variações meteorológicas em olivais de Viamão

15/10/2025 às 16:47 atualizado por Redação - SBA
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Como os efeitos climáticos impactam no desenvolvimento das flores e frutos das oliveiras de uma determinada região? Em busca desta resposta, pesquisadores do Departamento de Diagnóstico e Pesquisa Agropecuária da Secretaria da Agricultura, Pecuária, Produção Sustentável e Irrigação (DDPA/Seapi) do Rio Grande do Sul, estão realizando estudos em olivais da Estância das Oliveiras e da Quinta da Estância, no município de Viamão. As pesquisas são realizadas semanalmente nas cultivares Arbequina, Arbosana, Coratina, Frantoio, Koroneiki e Picual, com foco nas fases de floração e frutificação das plantas em relação às variáveis meteorológicas, o que corresponde à fenologia reprodutiva das oliveiras. O monitoramento será realizado por, no mínimo, dois anos.

“Na época de floração é necessário o acompanhamento semanal, pois as flores têm duração muito curta”, afirma a pesquisadora Priscila Porto Alegre Ferreira, responsável pelo projeto. Segundo ela, este é um estudo piloto desenvolvido na Estância das Oliveiras e na Quinta da Estância, escolhidas pela proximidade com o Departamento, pela disponibilidade das seis cultivares para acompanhamento e pela importância atribuída à pesquisa pelos estabelecimentos.

"A ideia agora, no transcorrer dos próximos dias, é de a gente ver o pegamento do fruto e ter uma ideia de qual foi o pegamento e como foi a questão climática, porque pode ter dado algum problema, principalmente estas chuvas em excesso no período floral, é sempre uma preocupação”, explica André Goelzer, diretor operacional e mestre de lagar da Estância das Oliveiras. Segundo ele, é preciso uma janela de tempo bom para ter uma boa polinização e, consequentemente, uma boa produção.

Sobre o estudo, André afirma que é apoiador destes projetos, com o intuito de conseguir multiplicar conhecimento e com base nos levantamentos, saber quais os passos, quais as características que o local tem e as opções de melhoria, a partir deste resultado científico em cima das áreas. “Só assim conseguiremos vislumbrar uma melhor produtividade e também uma melhor qualidade de fruto e uma melhor qualidade de azeite”, explica Goelzer. 

Segundo ele, existem vários projetos acontecendo ao mesmo tempo na Estância das Oliveiras e na Quinta da Estância, abrangendo desde abelhas sem ferrão, geografia e topografia das áreas, solos, desenvolvimento de variedades mais produtivas, turismo e qualidade dos azeites, entre outros. Só nos últimos três anos, foram 48 TCC´s publicados com pesquisas sobre o local.

Objetivo da pesquisa

A pesquisadora Priscila Ferreira explica que há poucos estudos publicados sobre o tema no Rio Grande do Sul e no Brasil. “O objetivo é desenvolver uma metodologia prática e acessível, que possa ser utilizada por técnicos e produtores em outras regiões fisiográficas do estado, permitindo a comparação das variações nas épocas de floração e frutificação das cultivares entre as diferentes regiões do Rio Grande do Sul”, afirma.

Esse estudo que está sendo realizado em Viamão faz parte de um projeto maior chamado "Estratégias para o desenvolvimento sustentável da cultura da oliveira (Olea europaea ) no Rio Grande do Sul", coordenado pela pesquisadora Andreia Rotta Oliveira, do DDPA/Seapi, com o objetivo de contribuir para o fortalecimento da cadeia produtiva de oliveiras no estado. “É um estudo contínuo, que vem sendo desenvolvido desde 2019 e já gerou várias publicações técnicas e artigos científicos (ver abaixo)”, afirma Andreia.

Além do estudo sobre a fenologia das cultivares, estão em andamento estudos para a   identificação e controle de pragas e doenças, bem como sobre a influência das condições meteorológicas na produção de azeitonas no Rio Grande do Sul.

Veja aqui alguns estudos já publicados nesta área:

  • Cadastro Olivícola do Rio Grande do Sul 2022. Circular: divulgação técnica, 13. 
  • Caracterização de olivais no Rio Grande do Sul: aspectos socioeconômicos, fitossanitários, de nutrição e fertilidade dos solos. Circular: divulgação técnica, 14. 
  • Aspectos fitotécnicos do cultivo da oliveira no Rio Grande do Sul II: estudos sobre cochonilhas e controle da antracnose. PESQ. AGROP. GAÚCHA, 100 Anos. 
  • Pesquisa sobre hábitos de consumo e preferências dos consumidores com relação ao azeite de oliva no Rio Grande do Sul. PESQ. AGROP. GAÚCHA, 100 Anos.   
  • Aspectos fitotécnicos do cultivo da oliveira no Rio Grande do Sul I: biologia reprodutiva. PESQ. AGROP. GAÚCHA, 100 Anos. 
  • Fenologia, exigências térmicas e composição mineral de folhas de variedades de oliveira no Rio Grande do Sul. PESQ. AGROP. GAÚCHA.
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Fonte: Secretaria da Agricultura, Pecuária, Produção Sustentável e Irrigação do RS