Inserida em cadeia global, produção halal tem de garantir conformidade em todo o mundo

Iniciativas de governança incluem certificação associada à blockchain para facilitar, inclusive, auditorias

28/10/2025 às 13:42 atualizado por Redação - SBA
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São Paulo, 27/10/2025 -- O fato de os países muçulmanos terem entre seus maiores fornecedores de alimentos e insumos nações não islâmicas já obriga a indústria halal, de bens e serviços voltados ao consumidor muçulmano, a garantir a conformidade da produção com estratégias tecnológicas para além da certificação.

A afirmação é de Marco Tieman, cofundador e CEO da malaia HSC Alliance, consultoria especializada em cadeias de bens halal, cuja produção deve zelar não só pela qualidade e segurança dos produtos, mas também pelo respeito às tradições culturais e religiosas do islamismo. Tieman falou a uma plateia de empresários reunidos nesta segunda (27) no Global Halal Brazil Business Forum, realizado na capital paulista até amanhã.

“Os maiores exportadores para a OCI (Organização de Cooperação Islâmica) são os grandes países [ocidentais]. Existe uma integração [produtiva] relevante entre os países muçulmanos e os não muçulmanos”, afirmou Tieman, destacando que centros industriais de países muçulmanos estão recorrendo à tecnologia para garantir a conformidade de sua produção com origem em diferentes partes do mundo.

Segundo Tieman, já existem ecossistemas produtivos na Ásia e no Oriente Médio recorrendo a estratégias de conformidade que aliam as certificações de produção halal à tecnologia blockchain, para facilitar tanto a certificação como as auditorias. As iniciativas, segundo o especialista, incluem até adaptações em portos da região para garantir, por exemplo, a não contaminação cruzada, a conformidade e as tradições halal.

“Nós temos visto também o papel importante do consumidor muçulmano, que está exigindo que os valores [halal, de respeito às tradições muçulmanas] sejam respeitados através de toda a cadeia de valor”, afirmou Tieman. “Muitas vezes, as indústrias veem halal como objetivo, mas não é”, disse ele, referindo-se ao fato de não bastar à indústria preocupar-se apenas com as etapas sob sua responsabilidade. “A segurança dos alimentos halal precisa ser vista desde o começo da cadeia de suprimentos até o final”, pontuou.

O CEO da HSC Alliance falou sobre exemplos bem-sucedidos de processos logísticos para produtos halal em países muçulmanos e não muçulmanos. Segundo ele, portos da Espanha, Bélgica e Indonésia instituíram áreas específicas para armazenamento de produtos halal e até um adesivo para identificar contêineres com cargas certificadas destinadas ao consumo de muçulmanos.

O executivo mencionou também uma iniciativa na Indonésia em que o Banco Islâmico de Desenvolvimento atuou com o governo local para viabilizar empreendimentos agroflorestais que garantissem o uso sustentável da terra, o respeito a povos tradicionais e ao meio ambiente.

Ele mencionou ainda um sistema de rating da certificadora Hallmark, que premia criadores de aves a partir de critérios de produção halal. “Olhamos para a qualidade dos serviços halal na cadeia de valores, transporte de acordo com os padrões, parte financeira islâmica e seguro para essa cadeia de suprimentos como um todo.”

“Esse índice [...] celebra a excelência que vai levar o halal ao próximo nível. A indústria halal teve grande crescimento, não dá para ignorar. Mas, para expandir os princípios de conformidade para toda a cadeia de valor, precisamos trabalhar juntos”, finalizou Tieman.

Realização da Câmara Árabe-Brasileira e da Fambras Halal, o Global Halal Brazil Business Forum 2025 conta com patrocínio de MBRF (Marfrig/BRF), Modon, Seara Alimentos, Eco Halal, Emirates, Grupo MHE9, Prime Company, Carapreta Carnes Nobres e SGS.

 

Informações: Assessoria Câmara de Comércio Árabe-Brasileira