Caso Master: PF apreendeu R$ 230 milhões em obras de arte, dinheiro, carros, joias e jatinho

20/11/2025 às 13:28 atualizado por - Estadão
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A Operação Compliance Zero, que levou à prisão do banqueiro Daniel Vorcaro na segunda-feira, 17, resultou na apreensão de R$ 9,2 milhões em veículos, R$ 2 milhões em dinheiro vivo, R$ 6,15 milhões em relógios, R$ 380 mil em joias, R$ 12,4 milhões em obras de arte e uma aeronave avaliada em R$ 200 milhões. Os bens foram confiscados também de outros diretores do banco Master atingidos pela investigação.

A apuração da Polícia Federal e do Ministério Público Federal sobre a gestão do banco Master detectou indícios de que a instituição comandada por Daniel Vorcaro vendeu R$ 12,2 bilhões em carteiras de crédito inexistentes ao BRB, o banco público do Distrito Federal, e entregou documentos falsos ao Banco Central para tentar justificar o negócio.

Vorcaro foi preso na noite de segunda-feira, 17, ao tentar embarcar na aeronave que foi apreendida para fugir ao exterior. Em nota, a defesa de Vorcaro informou que ele buscou cooperar com as investigações e negou que ele fosse fugir do País.

Os advogados dizem que ele iria viajar para Dubai, nos Emirados Árabes Unidos, com o objetivo de fechar uma nova operação de venda do Banco Master. O plano de voo obtido pela PF, porém, registrava como destino a ilha de Malta. Os advogados afirmam que seria feita uma parada para abastecimento no local.

Balanço das apreensões da Operação Compliance Zero

Veículos: R$ 9,2 milhões

Dinheiro em espécie: R$ 2 milhões

Relógios: R$ 6,15 milhões

Joias: R$ 380 mil

Obras de arte: R$ 12,4 milhões

Aeronave: R$ 200 milhões

O jatinho apreendido de Vorcaro é um Falcon 7X, da fabricante francesa Dassault Aviation, matrícula PSFST, e possui capacidade para 12 passageiros. A aeronave foi comprada em agosto de 2024 pela Viking Participações LTDA, empresa que tem Vorcaro como único sócio.

Na terça-feira, 17, a PF apreendeu R$ 1,6 milhão em dinheiro vivo, a maior parte com o ex-sócio do Master, Augusto Lima.

Além de Vorcaro e Lima, foram presos preventivamente Luiz Antonio Bull, Alberto Feliz de Oliveira e Angelo Antonio Ribeiro, diretores do Master também suspeitos de assinar operações fraudulentas e fornecer informações falsas ao BC.

São investigados crimes de gestão fraudulenta, gestão temerária e organização criminosa, entre outros.

Em setembro, o Banco Central (BC) reprovou a compra de uma fatia do Banco Master pelo Banco de Brasília (BRB). O BC passou cinco meses analisando o processo. Segundo apurou o Estadão, um ponto central da decisão foi o risco de o BRB ser contaminado pelos ativos do Master considerados "podres".

Nesta quinta-feira, 20, a desembargadora Solange Salgado da Silva, do Tribunal Regional Federal da 1ª Região (TRF1), em Brasília, negou o pedido de habeas corpus para o banqueiro Daniel Vorcaro. Ele vai continuar preso sob suspeita de fraudes financeiras ligadas ao Banco Master que superam R$ 12 bilhões.

"O decreto prisional encontra-se devidamente fundamentado em dados concretos extraídos dos autos, notadamente, na necessidade da decretação da medida para garantia da ordem pública e da ordem econômica, considerando que o paciente é apontado como um dos líderes da suposta organização criminosa voltada à prática de múltiplos crimes contra o sistema financeiro nacional, ocasionando prejuízo de bilhões de reais", assinala a desembargadora.

Para a magistrada, a liberdade de Vorcaro, "neste cenário de fraude sistêmica e obstrução da fiscalização, representa risco concreto e atual que impede a concessão de liminar em Habeas Corpus".

A defesa de Daniel Vorcaro afirma que a prisão representa um "constrangimento ilegal" e sustenta que não há "qualquer fato recente ou novo" que justifique a custódia preventiva do banqueiro.

A prisão preventiva foi fundamentada na suposta ocultação ou dilapidação patrimonial, no entanto, esse risco já não se faz mais presente, vez que integralmente neutralizado pela medida de sequestro dos bens e valores decretada nos autos e pelo Bacen (Banco Central)", sustentam os advogados.