Dirigente do Fed defende resiliência da economia e cita riscos de alta da inflação nos EUA
A presidente do Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano) de Cleveland, Beth Hammack, afirmou que a inflação ainda está "muito alta" e se movendo para cima, ao participar de evento do Clube Econômico de Pittsburgh nesta quinta-feira, 13. Diante do cenário, segundo ela, a política monetária precisa permanecer um pouco restritiva para reduzir as pressões inflacionárias. Na visão da dirigente, o BC americano está perto da taxa neutra.
"Tenho ouvido de contatos que a inflação está muito alta e caminhando na direção errada", disse ela. "Prevejo pressões de alta sobre a inflação no próximo ano", acrescentou.
A dirigente prevê inflação acima da meta por mais dois ou três anos e defende que é preciso reduzi-la para manter a credibilidade do Fed.
Para o mercado de trabalho, no entanto, Hammack diz que o setor está afrouxando, mas ainda está em amplo equilíbrio. Para ela, o objetivo de pleno emprego é desafiado pela desaceleração do mercado de trabalho. "No momento, o mercado de trabalho parece equilibrado, mas há motivos para preocupação", alertou.
Hammack, que é membro suplente nas reuniões do Fed, avaliou que a economia americana está "notavelmente resiliente", mas ponderou que este é um momento "complicado" para a política monetária. "A independência do BC é importante para cumprir o duplo mandato. Questões políticas não devem guiar política monetária. Eu foco nos dados", defendeu.
Hammack disse que "não é óbvio" que a política monetária deva "fazer mais" agora e é provável que a taxa neutra esteja em tendência de alta. "Para manter uma política restritiva, é necessário conter as taxas", afirmou, ao citar que o desempenho econômico não parece estar sendo muito contido pela política do Fed.
Sobre o shutdown dos EUA, a presidente do Fed de Cleveland destacou que "dados anedóticos" foram importantes durante o período e, em relação à inteligência artificial (IA), ainda é cedo para dizer o que acontecerá com a tecnologia. "Só o tempo dirá se as avaliações das empresas de IA estão corretas", acrescentou.



