Em leve baixa, a 157,6 mil, Ibovespa interrompe longa série de altas e recordes
Após 15 pregões em alta - 12 dos quais em recordes de fechamento consecutivos -, foi esboçada bem palidamente a aguardada realização de lucros na B3. O Ibovespa oscilou dos 156.559,71 até os 158.133,83 pontos, encerrando o dia em leve baixa de 0,07%, aos 157.632,90 pontos, com giro a R$ 38,4 bilhões, reforçado pelo vencimento de opções sobre o índice nesta quarta-feira, 12. Na semana, o Ibovespa ainda avança 2,32%, com ganho no mês a 5,41%. No ano, tem alta de 31,05%.
"Resumo do pregão é a palavra ajuste depois de uma sequência de 15 ganhos para o Ibovespa, a mais longa desde 1994, puxada hoje pela correção de Petrobras, alinhada à forte queda do petróleo na sessão", diz Matheus Spiess, analista da Empiricus Research. Petrobras ON e PN fecharam o dia, respectivamente, em baixa de 2,99% e de 2,56%, na contramão de Vale ON, que ontem havia se descolado do movimento positivo do Ibovespa, em leve baixa de 0,26%, e hoje subiu 1,11%, amenizando a correção do índice da B3 nesta quarta.
Entre os maiores bancos, o dia foi negativo à exceção de Bradesco ON (+0,24%), com destaque para Banco do Brasil (ON -2,85%), que na terça havia avançado 3% e nesta quarta cedeu antes da divulgação do balanço do terceiro trimestre, nesta noite. Na ponta ganhadora, Taesa (+5,77%) na esteira do balanço do terceiro trimestre, à frente de CSN (+5,05%) e de B3 (+4,36%), esta também com resultados trimestrais. No lado oposto, CVC (-8,33%), outro papel já com a referência do balanço julho-setembro, além de PetroReconcavo (-5,08%) e Cosan (-4,04%).
"Finalmente veio uma pausa no Ibovespa, favorecida pela fala do presidente do Banco Central, Gabriel Galípolo, que não endossou a expectativa de corte de juros mais cedo em janeiro de 2026, que vinha sendo antecipado pelo mercado em especial após a ata da mais recente reunião do Copom e do IPCA de outubro, divulgados na terça. Corte da Selic deve ficar mesmo mais para o final do primeiro trimestre de 2026, o que contribui para o Ibovespa realizar lucros - e é saudável, considerando que subiu bastante", diz Gabriel Mollo, analista da Daycoval Corretora.
Até o fechamento de terça, no acumulado do ano - observam em relatório da XP o estrategista-chefe e head de Research, Fernando Ferreira; Raphael Figueredo e Felipe Veiga, estrategistas de ações, e Lucas Rosa, estrategista quantitativo -, o Ibovespa subia 31% em reais e 54% em dólar, superando com folga o EEM, ETF de mercados emergentes, em alta de 34% no mesmo intervalo. No período, o índice da B3 também apresentou desempenho ligeiramente melhor, em dólar, do que México (+47%) e a América Latina (+43%), aponta o levantamento da XP.
Em conversas recentes com investidores locais, em São Paulo e no Rio de Janeiro, os especialistas da XP notaram questionamento recorrente sobre o que sustentou a alta aparentemente "imparável" que prevaleceu na B3 até esta quarta-feira, 12 de novembro, iniciada ainda na sessão de 22 de outubro - um intervalo de 15 pregões no qual o Ibovespa avançou 13,6 mil pontos e acumulou ganho de 9,48%.
Além de fatores globais, como a fraqueza do dólar e o fluxo para emergentes, os fatores domésticos parecem começar a ter maior peso, aponta o relatório da XP, em que a casa destaca aspectos como a expectativa pelo início do ciclo de cortes de juros no Brasil, a aproximação do 'trade eleitoral' o que implica a expectativa de uma candidatura competitiva à direita do espectro político, liberal e uma temporada de resultados forte no terceiro trimestre para as empresas brasileiras, agora próxima ao encerramento.
"Continuamos otimistas com a Bolsa brasileira, mas acreditamos que há espaço para uma correção de curto prazo, após uma sequência tão forte de valorização", acrescenta a XP, destacando dois pontos. Em primeiro lugar, a volatilidade implícita do Ibovespa permanece próxima de mínimas históricas, o que torna a compra de proteção hedge uma "estratégia prudente", na avaliação da casa. Por fim, aponta também a XP, as ações que mais subiram nos últimos 30 dias incluem vários nomes que haviam sido negligenciados por investidores ativos - um movimento de "bottom fishing" que vale acompanhar, caso a tendência persista, diz a XP.
Para Rodrigo Moliterno, head de renda variável da Veedha Investimentos, a realização discreta de lucros observada neste meio de semana ocorreu em um dia de agenda relativamente esvaziada, que favoreceu uma correção em Petrobras e no setor de energia, em cima de sinais da Opep+ sobre a oferta de petróleo, e também do setor financeiro, com os maiores bancos que, mesmo com o ajuste desta quarta-feira, ainda sustentam ganhos de até 7,31% (Bradesco ON) no mês.



