Haddad: Campanha é incompatível com cargo na Fazenda; escolha de sucessor é do presidente Lula

18/12/2025 às 20:58 atualizado por Flávia Said e Álvaro Gribel, do Estadão - Estadão
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O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, afirmou nesta quinta-feira, 18, que o desejo dele de colaborar com a campanha à reeleição do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), em 2026, é "incompatível" com o cargo que ocupa atualmente. Mas ele não citou nomes de possíveis sucessores, "decisão é do presidente Lula".

"Meu desejo de colaborar com a campanha de Lula é incompatível com ser ministro da Fazenda, não tem como", disse em café com jornalistas. Ele frisou que não tem prazo de desincompatibilização, pois não pretende se candidatar. "Minha saída não tem nada a ver com abril." Haddad disse ter tomado cuidado para falar sobre seu futuro político apenas após a conclusão da Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) de 2026 e da aprovação das medidas necessárias para fechar a peça.

Ele disse que o debate é sobre o melhor momento para alguém assumir a pasta e, na visão dele, o prazo ideal seria até "o mais tardar fevereiro". "Na minha volta das férias, em 11 de janeiro, vou conversar com o presidente Lula."

Sobre possíveis sucessores, Haddad disse levar pessoas que trabalham com ele "para todo canto", inclusive em despachos com Lula. "Quem trabalha comigo são pessoas da mais alta capacidade técnica", elogiou. Ele disse que, se o presidente Lula perguntar, ele dirá quem acha que pode ser sucessor.

Candidatura

O ministro negou a intenção de disputar qualquer cargo eletivo no ano que vem. "Não vivo da política", disse, lembrando que em 2020, por exemplo, não se candidatou a prefeito de São Paulo, apesar de apelos nesse sentido.

"Tive conversa com o presidente sobre candidatura. E ele falou para vocês (jornalistas) hoje o que mesmo que falou para mim, que iria respeitar a minha decisão. Quando falei com ele, essa foi a reação dele, após eu dizer que não tinha intenção de concorrer às eleições de 2026."

Ainda sobre a conversa com Lula, Haddad afirmou não ter sido o presidente quem lhe procurou para pedir para ele ser candidato, "fui eu que, em uma circunstância que eu considerei apropriada, puxei assunto".

A respeito de uma possível composição na chapa de Lula, na posição de vice-presidente, Haddad respondeu: "Não sei da onde saiu isso".

Relação com PT

Haddad destacou a relação que tem com o PT, lembrando que é filiado ao partido desde 1985. "Minha relação é com a militância do PT". "Tenho muito apreço pelo chão de fábrica do PT, é povo trabalhador", destacou.

Sobre críticas feitas pela direção e por tendências da legenda, ele alegou que as recebe "com naturalidade".

Haddad fez questão de destacar que a relação dele com o presidente não é de hoje, pois participou de todos os mandatos lulistas.

O ministro ainda afirmou ser "muito notável" que temores da esquerda, o chamado fogo amigo, terem sido vencidos pelos resultados. "Os temores da direita também foram vencidos, porque o projetado não aconteceu", disse, sustentando que as projeções econômicas do começo de 2026 estavam erradas.

Prestes a deixar o cargo, Haddad disse que a vida na Fazenda "nunca está mais fácil, assombração aparece aqui o tempo inteiro". Ele ainda brincou sobre a existência de um suposto bolão sobre quanto tempo ele duraria no cargo.