Ibovespa segue em nível recorde, perto de 158 mil, em alta de 1,6% na sessão
Sem esmorecimento, o Ibovespa deu prosseguimento nesta terça-feira, 11, à atual série de recordes, atingindo no intradia o nível de 158 mil pontos e, no fechamento, o de 157 mil pela primeira vez. Foi a 15ª alta consecutiva para o índice da B3 - igualando em extensão a sequência de maio a junho de 1994 - e também o 12º recorde seguido para o Ibovespa. Se a sequência positiva prosseguir na quarta, a referência passa a ser o intervalo de 19 altas, entre 16 de dezembro de 1993 e 13 de janeiro de 1994, conforme levantamento do AE Dados junto à série de registros da B3.
No encerramento desta terça, o índice marcava 157.748,60 pontos, em alta de 1,60%, entre mínima de 155.251,97 e máxima de 158.467,21 na sessão, em que saiu de abertura aos 155.257,31 pontos. O giro financeiro subiu para R$ 35,4 bilhões nesta terça, véspera de vencimento de opções sobre o índice. Na semana, o Ibovespa sobe 2,39% e, no mês, tem alta de 5,49%, colocando o ganho acumulado no ano a 31,15%, quase igualando o de 2019 (31,58%).
Nessas 15 sessões de alta, em intervalo iniciado em 22 de outubro, o Ibovespa mostra avanço de 9,48% em relação ao fechamento do dia 21, então aos 144.085,15 - uma progressão equivalente a cerca de 13,6 mil pontos. No intervalo de um mês, o ganho chega agora a 12,13%, considerando o fechamento desta terça-feira.
Destaque da agenda doméstica nesta manhã, mantendo o Ibovespa em alta mesmo quando os índices de ações em Nova York hesitavam, a ata da reunião de política monetária do Banco Central da semana passada mostrou um tom considerado mais suave do que o comunicado, ainda rígido, que acompanhou a manutenção da Selic em 15% ao ano na noite da última quarta-feira. O resultado se refletiu na curva de juros, que volta a embutir chance maior de que o ciclo de corte da Selic possa começar já em janeiro, e não em março como postergava o mercado após o comunicado da reunião.
Com dólar também em baixa na sessão - de 0,64%, a R$ 5,2732 no fechamento do segmento à vista -, o apetite por ações na B3 seguiu em curso, sustentando também os nomes de primeira linha na B3, como Petrobras (ON +2,40%, PN +2,60%), e as ações dos maiores bancos, com destaque na sessão para BB (ON +3,03%), Santander (Unit +2,33%) e Bradesco (ON +1,91%, PN +2,15%). Principal ação do Ibovespa, Vale ON teve desempenho discreto, oscilando para o negativo no fechamento (-0,26%).
Na ponta ganhadora do Ibovespa, Braskem (+18,04%) após o balanço do terceiro trimestre, à frente de CVC (+11,48%) e de Cosan (+8,27%) na sessão. No lado oposto, Natura (-15,65%), Porto Seguro (-7,64%) e BB Seguridade (-2,27%).
Além da ata do Copom, o mercado tomou nota também da menor inflação pelo IPCA para o mês desde 1998, confirmando "trajetória benigna" para o índice oficial acompanhado pelo Banco Central, destaca a economista-chefe da B.Side Investimentos, Helena Veronese. "Isso significa que o BC já tem carta branca para cortar os juros? Infelizmente, não. A inflação tem tido uma composição mais benigna, mas, ainda assim, com alguns pontos que seguem merecendo atenção", acrescenta a economista, em nota.
O principal deles, enfatiza Veronese, é a inflação de serviços, que voltou a subir tanto na margem, quanto em 12 meses no IPCA de outubro. "Ainda é um ponto de extrema atenção", acrescenta.
Para Thiago Calestine, economista e sócio da Dom Investimentos, além dos fatores domésticos, como a inflação mais comportada e sinais mais animadores do BC na ata desta terça-feira, o Ibovespa continua a se beneficiar de "um movimento global de rebalanceamento dos ativos", em que os investidores em geral têm realizado lucros no setor de tecnologia dos Estados Unidos, em especial nos "ganhos que tiveram até agora com as Magnificent Seven", como são conhecidas as principais empresas de alta tecnologia da bolsa americana.
Esses recursos, acrescenta Calestine, estão sendo em parte redirecionados para emergentes, como o Brasil, que ficaram para trás, com "múltiplos" que ainda proporcionam um "Delta entre preço e valor bem mais agradável e atrativo".



