Ibovespa vai a 155 mil pontos pela 1º vez com exterior por esperança de fim de shutdown nos EUA

O bom humor espelha o ambiente tranquilo no exterior, onde as bolsas avançam diante da expectativa do fim da paralisação da máquina pública dos Estados Unidos, que hoje completa 40 dias, a mais longa da história

10/11/2025 às 11:49 atualizado por Maria Regina Silva - Estadão
Siga-nos no Google News

Após iniciar a sessão desta segunda-feira, 10, estável aos 154.061,18 pontos, nível perto da mínima, o Ibovespa adotou uma série de máximas, renovando níveis recordes. O bom humor espelha o ambiente tranquilo no exterior, onde as bolsas avançam diante da expectativa do fim da paralisação da máquina pública dos Estados Unidos, que hoje completa 40 dias, a mais longa da história.

 

A agenda de indicadores de hoje é esvaziada aqui e no exterior, mas ganhará força na semana sobretudo no Brasil, com a ata do Comitê de Política Monetária (Copom), o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) de outubro e dados de atividade, como serviços e vendas no varejo, de setembro.

 

No exterior, haverá discursos de autoridades monetárias, enquanto o destaque por lá, por ora, é o primeiro passo dado pelo Senado dos EUA para encerrar a paralisação do governo Trump, que já dura 40 dias, a mais longa da história.

 

A expectativa do fim da paralisação do governo do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, em breve, é que o estimula os ativos mundo afora. O petróleo sobe cerca de 0,70%, mas o minério de ferro fechou com queda de 0,07% em Dalian, na China. Ainda assim, ações ligadas ao setor metálico avançam na B3.

 

"Na semana passada, mesmo com o exterior mais complicado, o Índice Bovespa ficou renovando máximas atrás de máximas. E hoje continua, refletindo essa maior propensão a risco pela possibilidade de um acordo que coloque fim ao shutdown nos Estados Unidos", diz Matheus Spiess, analista de Research da Empiricus.

 

Mesmo após ter registrado a mais longa série de ganhos em 31 anos, na sexta-feira, o Ibovespa avança. Na ocasião, fechou pela primeira vez na marca dos 154 mil pontos. Subiu 0,47%, aos 154.063,53 pontos, batendo recorde pela décima sessão.

 

Spiess ressalta que a eventual volta das atividades do governo de Donald Trump normalizará a divulgação de indicadores da economia que ajudarão não só o mercado, mas o próprio Federal Reserve (Fed) a balizar estimativas para a política monetária dos EUA.

 

Caso seja confirmado o fim do shutdown, o foco absoluto dos mercados será o calendário de divulgação de indicadores que ficaram para trás nas últimas semanas, em especial os números do payroll, PIB e PCE, de inflação, reforça em nota Silvio Campos Neto, economista sênior e sócio da Tendências Consultoria.

 

Por aqui, há a espera dos investidores pela ata do Copom, e pelo IPCA, que sairão amanhã, bem como fica no foco a última semana da safra de balanços. Entre s divulgações, estão Braskem, Itaúsa, Banco do Brasil, Nubank, B3 e JBS.

 

Após manter a Selic em 15% ao ano pela terceira vez consecutiva, na quarta-feira, o comunicado do Copom elevou incertezas quanto ao início da queda do juro básico, com a expectativa de recuo passando de janeiro para março. Por isso, o mercado quer entender melhor as projeções do Banco Central na ata, principalmente para o segundo trimestre de 2027, que é o novo horizonte da política monetária.

 

Hoje, no boletim Focus, um dos poucos destaques foi a projeção suavizada para a Selic de 2026 nos últimos 5 dias, que passou de 12% para 12,25% ao ano, ficando inalterada para 2025 (15%) e para o próximo ano (12,25%). Além disso, a mediana para a inflação suavizada nos próximos 12 meses passou de 4,06% para 4,08%. Já a estimativa para IPCA de 2025 permaneceu em 4,55%, acima do teto da meta, de 4,50%.

 

Conforme a One Investimentos, uma leitura mais benigna do IPCA reforçaria o processo de ancoragem inflacionária, fortalecendo a credibilidade do Banco Central e ampliando o espaço para uma eventual redução dos juros no futuro próximo.

 

Quanto à ata do Copom, o documento também será observado de perto, pois trará detalhes sobre a percepção dos membros do comitê em relação à inflação, ao cenário fiscal e às condições para um possível início de afrouxamento monetário, acrescenta a One em relatório. "O tom do documento será determinante para calibrar as expectativas do mercado quanto ao ritmo e ao momento em que o ciclo de cortes pode começar", estima.

 

Ainda por aqui, espera-se que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva sancione até amanhã o projeto que isenta do Imposto de Renda quem ganha até R$ 5 mil. A norma foi aprovada pelo Senado por unanimidade na semana passada.

 

Às 11h23, o Ibovespa subia 0,86%, aos 155.423,73 pontos ante alta de 1%, na máxima a 155.601,15 pontos, um salto de quase 1.550 pontos em relação à mínima em 154.058,43 pontos. Vale avançava 0,97%, Petrobras, entre 0,44% (PN) e 0,64% (ON).

 

Entre grandes bancos, só Banco do Brasil cedia (-0,39%). Bradesco PN avançava 1,33% e Itaú Unibanco PN, 0,42%. Unit de Santander tinha alta de 0,40%. Em meio ao recuo dos juros futuros, ações mais sensíveis ao ciclo econômico, como Lojas Renner (2,80%) e Pão de Açúcar (2,65%) subiam, compondo o grupo das oito maiores altas do Índice Bovespa. Em contrapartida, Natura, que divulgará balanço após o fechamento do mercado, caía 2,25%.