Se europeus precisam de mais de tempo para acordo Mercosul-UE, vale a pena esperar, diz Haddad

18/12/2025 às 18:52 atualizado por Flávia Said e Álvaro Gribel - Estadão
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O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, afirmou nesta quinta-feira, 18, que vale a pena esperar se os europeus precisarem de pouco mais de tempo para assinar o acordo Mercosul-União Europeia (UE), que estava previsto para ser assinado neste sábado, 20, em Foz do Iguaçu (PR).

Em café com jornalistas, Haddad negou que haja prejuízo para os agricultores italianos e franceses, até porque há salvaguardas. "Se alguns países da Europa estão precisando de mais tempo para esclarecer isso para a opinião pública, para os produtores rurais, eu penso que talvez, se for pouco, vale a pena esperar", disse.

O ministro ressaltou a relação que possui com o presidente da França, Emmanuel Macron. "Eu e Macron nos tratamos como amigos, trocamos telefones. Ontem eu não resisti de mandar uma mensagem para ele, dizendo que o que estava em jogo no acordo Mercosul-União Europeia era muito mais que um acordo comercial, era um acordo de natureza política, com um sinal claro para o mundo de que nós não podíamos nos voltar a um ambiente de tensão entre dois blocos fechados". Ele disse ter defendido "abrir essa seara na esfera geopolítica", pois, na visão dele, o acordo é uma "clareira" que o mundo precisa.

Segundo Haddad, Macron respondeu gentilmente dizendo que tem apreço pelo Brasil, mas que há necessidade de mais conversas. "Eu diria que vale a pena insistir um pouco mais (no acordo Mercosul-União Europeia). Esta é a minha percepção", completou o ministro.

Lula conversou com Meloni

Mais cedo, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) afirmou que ligou para a primeira-ministra da Itália, Georgia Meloni, para destravar o acordo Mercosul-UE. Segundo Lula, ela disse que sofre um embaraço político interno e pediu um prazo de alguns dias até um mês para assinar o acordo.

Lula disse que representantes da União Europeia tinham lhe garantido que o acordo seria assinado neste ano, em 20 de dezembro. Do lado do Mercosul, já estaria tudo resolvido, mesmo com os termos sendo mais favoráveis aos europeus.

O petista afirmou que sempre soube que a França era contra e que foi surpreendido com a posição da Itália há dois dias. Repetiu que os europeus não perdem nada com esse acordo e que levará o pleito de Meloni aos outros chefes de Estado do Mercosul.

Segundo ele, não há o que ser feito se o texto não estiver pronto para ser assinado, mas que é preciso esperar até amanhã porque "a esperança é a última que morre".

Diante de uma mudança de cenário em relação à assinatura do acordo, Lula subiu o tom ontem sobre o tema. Ele afirmou que, se o acordo não for assinado agora, "o Brasil não fará mais acordo" enquanto ele for presidente.