Trajetória da inflação esperada é compatível com flexibilização da Selic, diz secretário
O secretário de Política Econômica do Ministério da Fazenda, Guilherme Mello, disse nesta quinta-feira, 13, que a trajetória de inflação prevista pela pasta, pelo Banco Central e pelo mercado é compatível com uma flexibilização da Selic em breve. Na quarta-feira, 5, o Banco Central manteve os juros em 15% ao ano.
No Boletim Macrofiscal de novembro, divulgado mais cedo, a Fazenda estimou uma inflação de 4,6% no fim de 2025, de 3,6% no fim de 2026 e de 3,2% no segundo trimestre de 2027, o horizonte relevante da política monetária - pouco abaixo da previsão do BC, de 3,3%. Depois, a expectativa é de convergência a 3%.
"Essa trajetória é compatível, portanto, com uma flexibilização da política monetária, porque hoje ela está no campo significativamente ou extremamente restritivo", disse Mello, em uma entrevista coletiva. "Isso não quer dizer, necessariamente, que uma taxa de juros um pouco menos restritiva vai gerar um resultado muito diferente, porque ela continuará no campo restritivo", completou.
Mello ainda acrescentou que o BC não precisaria esperar que o seu modelo indique um IPCA no centro da meta, de 3%, no horizonte relevante para começar a cortar. O Comitê de Política Monetária (Copom) vai fazer uma avaliação sobre a confiança na trajetória para decidir quando e quanto cortar, destacou.
Indagado sobre declarações do ministro da Fazenda, Fernando Haddad, que vem dizendo que a taxa Selic está muito restritiva, Mello disse que isso se deve à expectativa de queda da inflação. "O ministro Fernando Haddad, ele tem confiança nessa trajetória dos nossos números, do Banco Central, e que até, em certa medida, os números do mercado mostram. Porque é o seguinte, nós vamos ter uma convergência da inflação para a meta", disse.
Mello afirmou que um ciclo de corte da Selic em 2026 seria condizente com a desaceleração registrada na economia brasileira. "Ainda a ver em que momento exatamente se inicia, mas é condizente com o fato de que a economia tem apresentado uma certa desaceleração; o mercado de trabalho, mesmo ainda resiliente, também tem desacelerado; e principalmente os indicadores das expectativas de inflação têm convergido positivamente para mais perto daquilo que é o centro da meta hoje", afirmou.



