Brasil deixa de embarcar 454 mil sacas de café em junho com esgotamento portuário

Desde junho de 2024, quando a entidade iniciou esse levantamento, as empresas associadas ao Cecafé acumulam prejuízo de R$ 78,921 milhões

30/07/2025 às 11:00 atualizado por Redação AE - Estadão
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O Brasil deixou de embarcar 453.864 sacas de 60 kg (equivalentes a 1.375 contêineres) de café em junho passado, conforme levantamento realizado pela Conselho dos Exportadores de Café do Brasil (Cecafé) junto a seus associados. O não embarque foi atribuído ao "esgotamento da infraestrutura portuária no País e, com isso, os exportadores tiveram um prejuízo de R$ 3,002 milhões com custos extras com armazenagem adicional, detentions, pré-stacking e antecipação de gates", informou o Cecafé em comunicado.

Desde junho de 2024, quando a entidade iniciou esse levantamento, as empresas associadas ao Cecafé acumulam prejuízo de R$ 78,921 milhões com esses gastos imprevistos em virtude de atrasos e alteração de escalas dos navios e da estrutura defasada nos principais portos de escoamento do produto no Brasil. "O não embarque desse volume de café também impediu que o país recebesse US$ 184,183 milhões, ou R$ 1,022 bilhão, como receita cambial em suas transações comerciais apenas em junho deste ano, considerando o preço médio Free on Board (FOB) de exportação de US$ 405,81 por saca (café verde) e a média do dólar de R$ 5,5465 no mês passado", calculou o Cecafé.

O diretor técnico do Cecafé, Eduardo Heron, disse na nota que "a nova safra de café, principalmente de canéfora (conilon + robusta), começa a chegar aos poucos para exportação e, como a estrutura dos portos não teve melhorias, já notamos um aumento de cerca de 100 mil sacas no volume total que não conseguiu embarques na comparação com maio. Esse cenário tende a se agravar, pois a principal movimentação de exportação de café se dá agora neste segundo semestre, com a chegada dos cafés novos, incluindo a espécie arábica". Segundo ele, é fundamental a adoção de medidas dos setores público e privado como, por exemplo, celeridade nos leilões de terminais, ampliação da capacidade de pátio e berço, fomento à diversificação de modais, com investimentos em ferrovias e hidrovias, e, principalmente, a criação de indicadores logísticos que permitam acompanhar e gerir, de forma adequada, as demandas na infraestrutura portuária do Brasil, de forma que os portos evoluam na mesma proporção do crescimento das cargas, tendo em vista o constante avanço do agronegócio nacional, em especial dos produtos que demandam contêineres para exportação, como café, carnes, algodão, açúcar, celulose, entre outros.

Atraso Em junho de 2025, 49% dos navios, ou 151 de um total de 306 embarcações, tiveram atrasos ou alteração de escalas nos principais portos do Brasil, conforme o Boletim Detention Zero (DTZ), elaborado pela startup ElloX Digital em parceria com o Cecafé. O Porto de Santos, que respondeu por 80% dos embarques de café no primeiro semestre deste ano, registrou um índice de 59% de atraso ou alteração de escalas de navios, o que envolveu 95 do total de 161 porta-contêineres. O tempo mais longo de espera no mês passado foi de 37 dias no embarcadouro santista.