Indústria Brasileira de Café Solúvel mantém a luta pela reversão de tarifas nos EUA diante da exclusão do produto das isenções recentemente anunciadas
Conforme já havia sido destacado pelo Conselho dos Exportadores de Café do Brasil (Cecafé) em seu comunicado de 21 de novembro de 2025, o café solúvel não foi incluído nas isenções especificadas nos anexos das Ordens Executivas
A Associação Brasileira da Indústria de Café Solúvel (ABICS), que representa 100% da produção de Café Solúvel do Brasil, o 13º produto de exportação do agronegócio nacional, destinado a mais de 100 países e rendendo divisas anuais de US$ 1,1 bilhão, vem, publicamente, manifestar seu posicionamento em relação à recente modificação da Ordem Executiva 14.323, de 30/07/2025, pelo governo dos Estados Unidos, de 20 de novembro de 2025, que modifica o escopo das tarifas adicionais impostas sobre certos produtos brasileiros.
Embora celebremos a reversão das tarifas para outras categorias agrícolas, a ABICS lamenta profundamente que o café solúvel brasileiro, um produto de importância histórica e econômica fundamental para ambos os países, tenha sido mantido na lista de produtos sujeitos à taxa adicional de 40% ad valorem, que totaliza 50% quando somadas aos 10% de tarifas recíprocas que prevalecem sobre o solúvel.
Conforme já havia sido destacado pelo Conselho dos Exportadores de Café do Brasil (Cecafé) em seu comunicado de 21 de novembro de 2025, o café solúvel não foi incluído nas isenções especificadas nos anexos das Ordens Executivas. Esta realidade contrasta com o progresso geral nas negociações bilaterais e representa um desafio contínuo para o setor.
Impactos devastadores para um mercado histórico
Desde a implementação do tarifaço, em agosto de 2025, a indústria de café solúvel brasileira tem enfrentado impactos severos, como:
• Queda abrupta nas exportações: os embarques de café solúvel do Brasil para os EUA sofreram uma redução de mais de 52% em volume desde agosto, demonstrando o efeito direto e imediato da medida tarifária;
• Perda de liderança histórica: os Estados Unidos sempre foram o maior e mais tradicional mercado para o café solúvel brasileiro, uma parceria que remonta à década de 1960. Historicamente, o café solúvel do Brasil representou uma parcela significativa do consumo americano. Em 2024, por exemplo, o produto nacional correspondia a impressionantes 38% das importações totais de café solúvel dos EUA;
• Impacto financeiro e competitivo: atualmente, o mercado americano representa cerca de 20% do volume total das exportações brasileiras de solúvel, gerando receitas anuais de aproximadamente US$ 200 milhões, o equivalente a
800 mil sacas de café. A manutenção da tarifa inviabiliza a competitividade do produto brasileiro, favorecendo outras origens;
• Reconfiguração do mercado global: a dimensão do impacto é tamanha que, pela primeira vez na história, as estatísticas de exportação de solúvel de outubro revelaram que os EUA deixaram de ser o primeiro destino do produto brasileiro, com a Rússia assumindo essa posição.
Risco de perda permanente de mercado
O mercado dos EUA é de vital importância estratégica para o Brasil. A ABICS alerta para o risco iminente de que o café solúvel brasileiro seja permanentemente substituído por produtos de outros destinos nas prateleiras dos supermercados americanos. E, uma vez perdida essa fatia de mercado e a lealdade do consumidor, a recuperação futura será uma missão extremamente difícil, com perdas duradouras para toda a cadeia produtiva nacional, desde os cafeicultores até as indústrias e seus trabalhadores.
Compromisso com a negociação contínua
Apesar do revés, a ABICS reitera seu compromisso inabalável com a continuidade das negociações. Estamos mobilizados e engajados em todas as frentes diplomáticas e comerciais para buscar a isenção completa do café solúvel das tarifas adicionais.
Contamos e agradecemos o apoio fundamental do Cecafé, bem como o engajamento de nossos valiosos clientes e parceiros americanos, incluindo a National Coffee Association (NCA), no reconhecimento da importância do café solúvel brasileiro.
Continuaremos a trabalhar incansavelmente com os governos do Brasil e dos EUA, fornecendo informações estratégicas e demonstrando a interdependência e a parceria histórica que sempre caracterizaram a relação comercial do café entre nossas nações.
Acreditamos, por fim, que, através do diálogo e da colaboração, será possível alcançar uma solução que beneficie o consumidor americano, a indústria brasileira e os produtores de café do Brasil.
ABICS – Associação Brasileira da Indústria de Café Solúvel



